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Chantageado por software espião, Ramagem livrou oficiais investigados

Foto: Reprodução

jurinews.com.br

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A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação sobre o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, relacionada a suspeitas de manobras pouco ortodoxas para impedir a demissão de dois oficiais envolvidos em atividades ilícitas.

A apuração se concentra na anulação, por parte de Ramagem, de processos disciplinares contra os agentes Rodrigo Colli e Eduardo Izycki, em troca do silêncio sobre o uso irregular do software First Mile.

Os agentes em questão eram alvo de investigação desde 2020, acusados de oferecer à Exército um software de monitoramento de redes sociais desenvolvido na própria Abin. A suspeita de conflito de interesse foi levantada por concorrentes durante uma licitação em 2018.

Durante a gestão de Ramagem, Colli e Izycki estavam lotados no Centro de Inteligência Nacional, órgão de destaque na agência que também abrigava policiais federais investigados por integrarem a chamada “Abin paralela”. A dupla foi presa em outubro de 2023 sob acusação de operar ilegalmente o First Mile.

A Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, revelou que Ramagem era alvo de chantagem por parte dos agentes e que ele teria agido para evitar a demissão dos oficiais. As manobras incluíram a condução de processos sobre a legalidade do uso do First Mile e a anulação dos processos disciplinares dos agentes.

Segundo a PF, Ramagem, em uma série de movimentos coordenados, ordenou a condução de um processo para avaliar a legalidade do First Mile e, simultaneamente, trabalhou para enterrar os processos disciplinares dos agentes. Um exemplo disso foi a concessão de uma licença para tratamento de assuntos particulares a Eduardo, com diferença de apenas três minutos da abertura do processo sobre o First Mile.

A PF destaca que o caminho natural dos processos disciplinares seria a Casa Civil, mas, por interferência da alta gestão da Abin, foram devolvidos a Ramagem. Este, em uma decisão controversa, anulou os processos, desfez o indiciamento dos agentes e nomeou outra comissão em substituição à que os havia indiciado.

A investigação levanta suspeitas sobre pareceres favoráveis à “legalidade” do First Mile emitidos pela cúpula da Abin sob a gestão de Ramagem. O software, adquirido durante o governo Michel Temer, é alvo de suspeitas por seu suposto uso ilegal no monitoramento de desafetos políticos durante a administração Bolsonaro.

O procedimento de Ramagem, oficialmente justificado para verificar a legalidade de futuras contratações, acabou sendo utilizado para avaliar o uso do First Mile. A PF continua aprofundando as investigações para esclarecer as circunstâncias e as implicações dessas ações por parte do ex-diretor da Abin.

Redação, com informações do Metrópoles

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