A suspensão dos prazos judiciais em processos físicos foi o maior obstáculo enfrentado pelos advogados durante a pandemia de Covid-19. É o que concluiu uma pesquisa da Associação dos Advogados (AASP) e da Fundação Arcadas, da USP, que entrevistou cerca de 2 mil profissionais entre os dias 18 de junho e 15 de julho. Para mais da metade dos entrevistados, esse foi o maior problema da interrupção do trabalho presencial.
No estudo “O acesso à Justiça durante o período de isolamento social”, os profissionais também citaram a ausência de uniformização dos atos pelos tribunais e a dificuldade de despachar com o magistrado entre os principais empecilhos enfrentados nesta fase.
Os advogados atribuem a falta de novos clientes a um efeito direto da pandemia. A ausência de novos casos e a baixa prospecção de clientes foram citados por mais da metade dos entrevistados: 60% e 55%, respectivamente. A inadimplência dos clientes afetou 53%, e 60% dos entrevistados listaram que a pandemia causou queda nos rendimentos.
A pesquisa também revela um paradigma profissional. Ao mesmo tempo em que 51% dos entrevistados apontam dificuldade em fazer o peticionamento físico como uma adversidade, apenas 6% revelam ter tido dificuldade com o sistema eletrônico adotado pelos tribunais.
Retomada
A divulgação dos dados coincide com a volta parcial do trabalho presencial dos tribunais de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e TRF-3, bem como a retomada dos prazos nos processos físicos. Para a AASP, que acompanha o processo, é preciso que o advogado tenha muita atenção com os novos prazos, levando em consideração que em algumas regiões os feriados foram antecipados.
Metodologia
Entre os dias 18 de junho e 15 de julho, foram entrevistados, por e-mail, 2.084 advogados. A maioria (77%) deles, associados à AASP. Os advogados puderam escolher mais de uma alternativa nas respostas.