O vídeo da reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ministros e assessores foi fundamental para a operação realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8). Parte desses vídeos foi divulgada primeiramente pela colunista Bela Megale, de O Globo, e posteriormente também pelo Metrópoles.
Nas gravações, Bolsonaro exerce pressão sobre seu círculo interno para agir antes das eleições de 2022 visando a permanecer no poder. O encontro teve lugar em 5 de julho de 2022. Em uma das ocasiões, o ex-presidente sugere suspeitas de fraudes eleitorais para beneficiar a esquerda.
“É evidente que, se reagirmos após as eleições, o Brasil enfrentará o caos, será como uma grande guerrilha, uma convulsão nacional. Alguém duvida que, do jeito que está, a esquerda ganhará as eleições? Não importa se eu tiver 80% dos votos. Eles vão vencer as eleições”, discursou para os ministros.
O ex-presidente enfatizou que não se pode esperar até as eleições para tomar medidas e que “todos aqui, assim como todo o povo lá fora, têm algo a perder”. Ele também lembrou que parou de abordar o assunto (não chegando a mencionar o termo “voto impresso”) com os apoiadores.
“Precisamos agir antes”, declarou. “O que está em jogo é o valor mais importante que temos e desfrutamos nesta terra, que é a maldita liberdade. Não poderia ser mais claro”, completou.
Ele também comentou sobre a participação das Forças Armadas na comissão eleitoral, acreditando ter controle sobre o setor. “O TSE cometeu um erro [inaudível] ao convidar as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. […] Para nós, foi excelente. Eles se esqueceram de que sou o comandante supremo das Forças Armadas?”, alertou.
Nos trechos divulgados, o ex-presidente criticou ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, afirmando que “os caras estão armando tudo” com o objetivo de fazer Lula vencer as eleições. “Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se alguém acredita, levante a mão. Acredita que são pessoas imparciais?”, perguntou. Ninguém respondeu.
O vídeo foi apreendido na Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa que teria agido na tentativa de um “golpe de Estado” para manter Bolsonaro no poder, após sua derrota nas eleições de 2022.
Segundo a PF, na versão completa do vídeo, o ex-presidente questiona a segurança das urnas eletrônicas e discute opções caso as pesquisas se confirmassem e o petista Luiz Inácio Lula da Silva vencesse as eleições, o que de fato ocorreu.
A gravação foi encontrada em um computador apreendido na residência do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordem do ex-presidente, durante uma operação anterior da PF.
“Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp e outras mídias do Brasil. Conversei com eles. Há acordo ou não com o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]? Se há acordo, que tipo de acordo é esse que ignora a Constituição? Eu vou entrar em campo com o meu Exército, com meus 23 ministros”, disse, conforme transcrito pela PF.
Segundo a PF, na reunião houve uma exigência para que os ministros adotassem uma postura ativa de ataque à Justiça Eleitoral. Essa narrativa seria utilizada para manter a narrativa de fraude eleitoral forte entre os apoiadores.
“Daqui para frente, quero que cada ministro repita o que estou dizendo aqui, e vou mostrar”, afirmou o ex-presidente, segundo a Polícia Federal. A PF ainda afirmou que, durante a reunião, Bolsonaro fez diversas acusações falsas contra o então candidato Lula, como a de seu envolvimento com o narcotráfico ou com a morte de Celso Daniel.
VEJA O VÍDEO ABAIXO:
Redação, com informações do Metrópoles