Sete procuradores da República que integravam a força-tarefa da Operação Lava Jato apresentaram um pedido de demissão coletivo ao procurador-geral da República Augusto Aras, na quarta-feira (2). O grupo alegou “incompatibilidades insolúveis com a atuação da procuradora natural dos feitos da referida força-tarefa, dra. Viviane de Oliveira Martinez”. A procuradora está na força-tarefa em São Paulo desde março.
O ofício também detalhava dificuldades encontradas pelo grupo ao longo dos últimos meses. “Em reunião realizada em abril deste ano, a Procuradora da República Viviane começou a mobilizar um discurso no sentido de que teria divergências quanto aos critérios de conexão que vinham sendo aplicados. E com isso, passou a opor resistência ao aprofundamento de investigações em curso, argumentando que lhes faltaria uma ‘conexão processual forte'”, diz o documento.
A decisão dos sete procuradores vem a público no dia seguinte ao anúncio da saída de Deltan Dallagnol da coordenação da Operação Lava Jato em Curitiba. O desligamento foi assinado por Janice Agostinho Barreto Ascari, Guilherme Rocha Göpfert, Thiago Lacerda Nobre, Paloma Alves Ramos, Marília Soares Ferreira Iftim, Paulo Sérgio Ferreira Filho e Yuri Corrêa da Luz.
“Os membros ora signatários vêm solicitar – pelas razões expostas à Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal no âmbito da Sindicância nº 1.00.002.000060/2020-17 (Ofício 1259/2020 – PRR3a-00022502/2020), relativas, em síntese, a incompatibilidades insolúveis com a atuação da procuradora natural dos feitos da referida Força-Tarefa, Dra. Viviane de Oliveira Martinez – seus desligamentos da Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo, com a consequente revogação de suas respectivas designações”, afirmam os servidores.
No pedido de desligamento enviado ao Conselho Superior do Ministério Público Federal, os procuradores fizeram reclamações e afirmaram que Viviane “nunca participou de reuniões com advogados e com colaboradores”, “não participou de qualquer audiência judicial pertinente a casos da Força-Tarefa” ou “de um único despacho com juízes ou de uma única reunião com delegados de Polícia Federal, para tratar de casos da Lava Jato”.
Os procuradores se colocaram a disposição da PGR para um período de transição para adotarem medidas finais sobre os casos que estavam sendo conduzidos pela equipe em São Paulo.