As eleições da OAB Bahia ainda continuam rendendo com cenas lamentáveis de autoria de apoiadores da presidente eleita Daniela Borges. A imagem da vez se assemelha a de um filme de terror com uma faca atravessada na foto do comitê da advogada Ana Patrícia Dantas Leão e a frase em inglês ‘Not Dead Yet’, que traduzido significa “Ainda não morreu”.
Além da velada atitude misógina e de violência contra uma mulher advogada, o fato é ainda mais chocante quando o autor da agressão é um dos sócios da presidente eleita da OAB-BA, o advogado Fred Guerra Andrade. Ele postou a referida imagem no story do seu perfil no Instagram, que ficou no ar por 24 horas, ao som da música “Vou festejar” e também com a frase “Silêncio no Rio Vermelho” (onde fica o comitê), logo após o resultado das urnas apontar a derrota de Ana Patrícia e a consequente vitória de sua sócia Daniela.
Mesmo após toda a repercussão dos ataques sofridos por Ana Patrícia, a presidente eleita da OAB-BA, Daniela Borges, que é presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB, ainda não se posicionou sobre esse e outros episódios patrocinados por seu apoiadores, conforme mostrado pela JuriNews na semana passada.
Mesmo a campanha já tendo acabado, será que Daniela não vai se posicionar? Nada irá fazer para defender a mulher advogada atingida? Ou Daniela não vai tomar providência alguma porque irá proteger o seu sócio que é um dos autores dessas agressões?
Enquanto não recebe o apoio de quem vai representar a OAB-BA pelos próximos três anos, advogados baianos se posicionaram em defesa de Ana Patrícia.
Veja a seguir:
MOVIMENTO ‘POR AMOR À ADVOCACIA’ REPUDIA ATAQUES A ANA PATRÍCIA
Os advogados e advogadas integrantes do movimento “Por Amor à Advocacia”, vêm a público manifestar repúdio e profunda indignação em relação aos recentes episódios de violência, política de gênero, machismo e misoginia praticados contra a advogada Ana Patrícia Dantas Leão, atual Vice-Presidente da OAB-BA e candidata de oposição nas eleições institucionais deste ano.
Na última quarta-feira (24), o atual presidente da Caixa de Assistência aos Advogados da Bahia (CAAB) e Conselheiro Federal eleito, Luiz Augusto Coutinho, se dirigiu até o comitê da candidata para proferir, pessoalmente, ataques contra a Vice-Presidente da OAB-BA.
Dando sequência aos ataques, na mesma data, o advogado Carlos Frederico Guerra Andrade, conhecido como Fred, utilizou sua conta no Instagram para veicular foto do comitê de Ana Patrícia atravessada por uma faca, sob a frase “not dead yet” (ainda não morreu), com trilha sonora de Beth Carvalho: “chegou a hora, vais me pagar, pode chorar”, da canção intitulada como “Vou Festejar”. Fred também é conhecido pela sociedade profissional com a presidente eleita Daniela Borges.
Outros ataques foram concretizados na manhã da quinta-feira (25), na porta da residência da advogada, através de carro de som com agressões de baixo calão, especificamente do nível: “puta”, “vagabunda” e “traidora”, com repercussão em todo o bairro, acompanhado de um buquê de rosas e cartão escrito “nunca será!”. Um dos indivíduos envolvidos no episódio exibia no peito a praguinha das candidatas situacionistas Daniela Borges e Christianne Gurgel.
Os atos repugnantes perpetrados contra Ana Patrícia representam um ataque frontal à toda a advocacia e alcançam todas as mulheres e instituições da sociedade que lutam pela eliminação da violência de gênero e pelo protagonismo de mulheres nos espaços públicos.
Todas as ações foram orquestradas com o claro intuito de inibir a atuação de mulheres em posição de liderança na política institucional da OAB-BA e na tentativa de ofuscar a liderança de Ana Patrícia, fato incontestável em toda a Bahia com a expressiva votação confiada à chapa “OAB de Coração”, capitaneada pela advogada em oposição a chapa da situação.
Ana Patrícia não está sozinha e todos os esforços serão adotados para responsabilizar os mandantes e autores dos atos, assim como, para combater a naturalização da cultura de violência política de gênero.
O silêncio complacente de quem deveria representar a voz altiva da advocacia feminina institucional causa preocupação e ajuda a perpetrar a prática de crimes contra as mulheres em todos os níveis da sociedade.
O momento é de dor e consternação, mas também transformou-se em ocasião propícia para conclamar a união de esforços de toda a advocacia brasileira com o objetivo de exigir respeito por Ana Patrícia e por todas as mulheres advogadas, além de revelar aqueles que não querem negociar privilégios para mudar a dura realidade machista e de aversão às mulheres.
Ana Patrícia não está sozinha! Nenhuma outra advogada vítima de violência, machismo e misoginia estará sozinha!
Somos todos Ana Patrícia!
Somos a OAB de coração!
Nós temos amor pela advocacia!
Advogados e Advogadas integrantes do movimento “Por Amor à Advocacia”