Faleceu aos 97 anos, em Pernambuco, a advogada Nair Andrade. Conhecida pelo pioneirismo na advocacia e pela dedicação à Ordem, Nair Andrade foi uma figura emblemática na história da advocacia. O velório aconteceu na sede da OAB-PE, em Recife, nesta terça-feira (9).
O Conselho Federal da OAB lamentou profundamente o falecimento da advogada. “O CFOAB se solidariza com toda a advocacia de Pernambuco, os familiares e amigos e amigas desta advogada que tanto representou para a nossa classe, abrindo caminhos para as mulheres advogadas e servindo de exemplo para todos”, disse o presidente Beto Simonetti.
Em 1971, Nair Andrade se tornou a primeira mulher a ocupar um cargo na diretoria da OAB-PE, marcando sua posição com a célebre frase: “Vai ter mulher na Ordem!”, como aponta os jornais da época. Sua eleição representou o fim da era do “clube do bolinha”, como a imprensa divulgava após sua chegada a diretoria da instituição.
Por 40 anos, ela atuou como advogada com escritório no Centro do Recife e como advogada de ofício na Assistência Judiciária, hoje Defensoria Pública. Sua atuação se destacou principalmente nas 1ª e 5ª varas criminais de delitos contra o patrimônio. Dedicou sua vida especialmente a causa dos mais pobres.
Fernando Ribeiro Lins, presidente da OAB-PE, lamentou profundamente a perda: “Nair Andrade esteve sempre ativa, participando de nossas sessões e enriquecendo as discussões com suas valiosas contribuições. Sua paixão pela advocacia era evidente. Ela deixa um legado de inspiração não só para os jovens advogados, mas para todos que amam nossa profissão. Era, acima da profissional, uma amiga muito especial e uma pessoa sempre disposta a estender a mão, a ajudar”
Ingrid Zanella, vice-presidente da OAB-PE e presidente em exercício, também reconheceu a importância de Nair Andrade: “Ela foi uma verdadeira pioneira, uma luz na advocacia pernambucana. Sua força, determinação e dedicação à justiça e à igualdade serão sempre lembradas. Fica a nossa missão, dar continuidade ao seu legado”.
Após aposentar-se, Nair Andrade permaneceu incansável em atividades voltadas ao fortalecimento da advocacia, colaborando com diversas instituições e mantendo uma parceria contínua com a OAB-PE. Além disso, sua paixão por causas sociais a levou a apoiar projetos voltados para crianças e adolescentes de comunidades carentes, utilizando a música como ferramenta de transformação social.
Em eventos beneficentes, era comum vê-la emocionada ao som de “My Way”, de Frank Sinatra, canção que refletia sua filosofia de vida. Era sempre a única música que ela fazia questão de ouvir nos eventos. A tradução de um dos trechos diz: “Eu vivi uma vida completa, viajei por toda e qualquer estrada. E mais, muito mais que isso: eu fiz isso do meu jeito”.