English EN Portuguese PT Spanish ES

“Minha realidade é a de milhões de brasileiras, trabalhadora e mãe”, diz advogada repreendida na sessão após bebê chorar

jurinews.com.br

Compartilhe

O constrangimento sofrido pela advogada Mallu Borges Nunes causou comoção na comunidade jurídica brasileira. Ao participar nesta segunda-feira (22) de sessão virtual da 2º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), a advogada foi repreendida pelo presidente do colegiado, desembargador Elci Simões, após sua bebê de seis meses que estava no colo começar a chorar.

Segundo o desembargador, a bebê estava “atrapalhando” o julgamento. “É uma sessão do tribunal não pode ter cachorro latindo e criança chorando. Se a senhora tiver alguma criança, coloque no lugar adequado. São barulhos que nos atrapalham, tiram a concentração”, disse o magistrado que ainda questionou a ética da advogada.

Um dia após o triste episódio, Mallu Borges Nunes divulgou uma nota de esclarecimento e postou em suas redes sociais uma foto com a bebê com a seguinte legenda: “Olhe aqui a gente juntinhas para mais um dia de home office”.

Ela afirmou afirmou que exerce jornada tripla, sem apoio, igual a milhões de brasileiras e cobrou respeito. “Não sou antiética por trabalhar em home office com a minha filha no colo”, disse.

A advogada também considerou o caso como mais um exemplo de machismo estrutural, apontou que não teve a preferência legal como lactante respeitada pelo TJ-AM e reiterou que continuará trabalhando em home office com a bebê no colo, que é o “local adequado para ela”.

Confira o posicionamento de Mallu Borges Nunes:

“Nós mulheres só queremos que nossa voz seja ouvida, que nos respeitem no nosso ambiente de trabalho e na sociedade. Que nossa ética profissional não seja questionada por estarmos exercendo dupla/ tripla jornada sem qualquer tipo de apoio.

A minha realidade é a de milhões de brasileiras – trabalhadora e mãe. Obviamente que se eu tivesse uma opção melhor para deixar a minha filha (que acabou de completar 6 meses e depende de mim para tudo) enquanto eu trabalho eu aderiria, pois, a maior prejudicada sou eu, que trabalho os 3 turnos para dar conta da quantidade de tarefas.

Minha ética poderia ser questionada somente se eu deixasse de cumprir prazos e realizar atos, o que não é o caso. Não sou antiética por trabalhar em home office com a minha filha no colo. O triste episódio ocorrido no TJAM – não somente quanto a fala do Desembargador Elci, mas também quanto a falta de respeito a minha preferência legal (lactante) – infelizmente somente comprova, mais uma vez, o machismo estrutural da nossa sociedade.

Isso porque, ao passo que eu fui condenada por estar com uma bebê resmungando (não chorando) na sessão, há uma semana um pai advogado teve preferência no seu processo no STJ por estar com o seu filho de 1 ano presente (matéria de repercussão nacional, inclusive). Mesmo diante da falta de compreensão com minha situação, continuarei sustentando amamentando ou com a minha filha próxima, que é o local adequado para ela”.

Deixe um comentário

TV JURINEWS

Apoio

Newsletters JuriNews

As principais notícias e o melhor do nosso conteúdo, direto no seu email.