O apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que visava investigar as atividades de organizações não governamentais (ONGs) e do Padre Júlio Lancellotti nas ações sociais no centro de São Paulo, diminuiu significativamente, com dez vereadores retirando suas assinaturas do requerimento. Inicialmente, a CPI havia recebido 25 assinaturas e foi protocolada em 6 de dezembro do ano passado.
O vereador Gilson Barreto (PSDB) foi o décimo a retirar sua assinatura, destacando em suas redes sociais a mudança de posição após considerar o impacto da investigação. Segundo ele, a CPI perdeu sua finalidade original de fiscalização de entidades que recebem verbas públicas, transformando-se em uma possível ferramenta de perseguição ao Padre Júlio Lancellotti, que não mantém convênio com a municipalidade.
Outro vereador, Xexéu Tripoli (PSDB), também retirou sua assinatura, expressando apoio ao trabalho humanitário exemplar do padre e criticando a ideia de abrir uma CPI para investigar o religioso. Ele ressaltou a importância de não permitir a perseguição política a líderes religiosos, especialmente em tempos de polarização nas redes sociais.
Com a retirada de dez vereadores, a CPI não teria, teoricamente, apoio suficiente para ser protocolada, uma vez que são necessárias 19 assinaturas. No entanto, a Câmara Municipal de São Paulo esclareceu que a retirada de assinaturas tem um caráter simbólico, não impedindo o próximo passo, que é a avaliação no Colégio de Líderes.
“Só o autor pode pedir a retirada da CPI. A retirada de assinaturas de vereadores, portanto, é algo simbólico e não impede o próximo passo que é analisar a questão em colégio de líderes. Se houver consenso no colégio, o assunto vai ao plenário”, informou a nota da Câmara Municipal.
No entanto, a retirada das assinaturas indica que a CPI enfrentará dificuldades para ser aprovada na Casa legislativa. Em plenário, serão necessárias duas votações: a primeira para aprovar a criação de uma nova CPI na Câmara Municipal, e a segunda, para criar e instalar a CPI das ONGs. Ambas exigem 28 votos dos 55 vereadores da câmara.
O texto do requerimento para a CPI não especifica claramente quais entidades e pessoas serão investigadas, mencionando apenas a intenção de investigar ONGs que fornecem alimentos, utensílios para o uso de substâncias ilícitas e tratamento de dependentes químicos na região da Cracolândia.
Embora o nome do Padre Júlio Lancellotti não esteja explicitamente no pedido da CPI, o autor do requerimento, Rubinho Nunes, afirmou em suas redes sociais que o religioso seria alvo das investigações, acusando-o de agir como um “cafetão” e sugerindo ligações duvidosas das ONGs com políticos. O padre, por sua vez, afirmou em nota que a Pastoral de Rua não está vinculada às atividades descritas no requerimento da CPI.
Redação, com informações da Agência Brasil