A correição da Lava Jato — uma espécie de fiscalização que acontece desde maio pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — não conseguiu localizar veículos e outros bens apreendidos pela operação em Curitiba.
De acordo com pessoas envolvidas na inspeção, como não há inventário do que foi recuperado, juízes e técnicos não sabem dizer se carros, por exemplo, estão em depósito, se estão sendo usados ou por quem estariam sendo usados. Ainda pela falta de inventário, não se sabe o valor total desses bens.
De acordo com as informações oriundas do grupo de trabalho, o Ministério Público quem fazia a solicitação da destinação dos recursos e o tribunal costumava conceder sem questionamentos. Pelo levantamento feito até o momento, foram destinados dessa forma cerca de R$ 3 bilhões em dinheiro recebido como parte dos acordos de leniência e delação. O trabalho agora é para identificar o motivo de cada destinação. Com relação aos bens — como carros, aviões, barcos e cofres — ainda não há estimativa do valor total.
Desde maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) faz uma fiscalização em duas instâncias da Lava Jato no Paraná e no Rio Grande do Sul: a 13ª Vara Federal, em Curitiba, e a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. O trabalho foi ordenado pelo corregedor nacional, Luís Felipe Salomão.
Segundo informações da correição, as destinações não passavam pelos trâmites formais e alguns bens chegaram a ser encaminhados, outros, não. Quem acompanha a fiscalização classifica a situação como uma “verdadeira bagunça”. Há indícios de que organizações privadas tenham recebido parte dos recursos.
No momento, a atuação do grupo de trabalho consiste em revisar processo por processo para identificar o que foi apreendido e, a partir daí, tentar localizá-los para fazer o inventário.