O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou o deputado federal Mario Frias (PL-RJ) a pagar R$ 30 mil ao comediante Marcelo Adnet, a título de indenização. O artista processou o parlamentar após ser alvo de xingamentos por conta de um vídeo no qual parodiava a atuação do político como secretário nacional de Cultura, cargo que ocupou entre 2020 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Na decisão, o juiz Marco Antonio Novaes de Abreu frisou que Frias não respeitou o decoro necessário à função que exercia à época. Ainda segundo o magistrado, a postagem na qual o ex-secretário atacava Adnet teve “o único objetivo de desmerecer o autor como profissional e pessoa, não se limitando a tecer comentários, mesmo que negativos, sobre o vídeo por ele produzido”.
A imitação do humorista ocorreu em setembro de 2020 e satirizava o anúncio feito por Frias na ocasião, em tom ufanista, sobre o lançamento de uma série chamada “Um povo heroico”. O conteúdo foi veiculado pelo Globoplay.
Na gravação original, publicada pela Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Bolsonaro, o então secretário de Cultura aparecia andando pelo Museu do Senado, em Brasília, em meio a uma trilha sonora apoteótica e com um discurso nacionalista. Já na esquete de Adnet, “Frias” surgia perdido sem conhecer nenhum dos símbolos da identidade do povo brasileiro que vão surgindo nas imagens. “Descobriremos juntos, como herois que somos, o que significa cada um desses símbolos da nossa cultura”, dizia o personagem do quadro.
“Garoto frouxo e sem futuro. Agindo como se fosse um ser do bem, quando na verdade não passa de uma criatura imunda, cujo o adjetivo que devidamente o qualifica não é outro senão o de crápula”, reclamou Frias nas redes sociais, em um longo desabafo no qual também se referia ao humorista como “palhaço decadente”, “idiota egoísta” e “bobão”.
Inicialmente, Adnet havia pedido de R$ 10 mil como ressarcimento pelas ofensas, mas o valor acabou triplicado em virtude do alcance da postagem. Frias também terá de arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios.
A decisão judicial impõe ainda que Frias exclua a publicação em questão dentro de um prazo máximo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Até a publicação desta reportagem, porém, o post permanecia no ar no perfil do deputado no Instagram.
