A Justiça Federal em Alagoas decidiu na quarta-feira (5) encaminhar as investigações sobre a compra de kits de robótica para escolas alagoanas ao Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi baseada na existência de “indícios” da participação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que possui foro privilegiado.
O juiz federal substituto Roney Raimundo Leão Otilio, da 2ª Vara da Justiça Federal de Alagoas, escreveu na decisão que, diante dos indícios de envolvimento de um congressista nos crimes investigados, a competência da primeira instância se encerra.
A Operação Hefesto investiga suspeitas de fraude em licitações no valor de R$ 8 milhões na compra de kits de robótica pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre 2019 e 2022. Aliados próximos do presidente da Câmara estão sendo investigados.
Inicialmente, Arthur Lira não estava entre os envolvidos. Seu nome foi incluído no processo após a polícia encontrar três documentos relacionados ao deputado e seu ex-assessor, Luciano Ferreira Cavalcante, que é alvo da investigação. Os documentos são: um recibo de lavagem de veículo, um termo de autorização de entrega de veículo e um formulário de autorização de viagem outorgado por Arthur César Pereira de Lira em nome de Luciano Ferreira Cavalcante, referente a um adolescente filho do primeiro.
O juiz mencionou também os papéis manuscritos apreendidos no endereço do motorista Wanderson de Jesus. As anotações contêm possíveis despesas de Arthur Lira, de seus familiares e de pessoas relacionadas a ele. O nome “Arthur” aparece 11 vezes ao lado de valores que somam R$ 265 mil.
Embora não haja provas de que o “Arthur” mencionado nos documentos seja Arthur Lira, Wanderson de Jesus trabalhava para Luciano Cavalcante, auxiliar do presidente da Câmara na época em que a Operação Hefesto foi deflagrada.
O deputado nega qualquer envolvimento no caso. Sua assessoria afirmou em nota que as despesas de Lira são cobertas pelos seus ganhos como agropecuarista e pela remuneração como congressista.