A Justiça paulista analisa um processo no qual o herdeiro do humorista Orival Pessini (1944-2016) acusa o grupo de animação infantil Carreta Furacão e a rede Mc Donald´s de plágio. Pessini criou na década de 80 o personagem Fofão que, com suas bochechas grandes, virou fenômeno televisivo no programa “Balão Mágico”, da Rede Globo.
O filho do humorista, Pedro Vasen Pessini, afirma que o Carreta Furacão cometeu usurpação de criação artística ao explorar comercialmente um personagem chamado Fonfon, muito similar ao Fofão. Por conta do sucesso na internet, o Carreta Furacão virou tema de documentário e acabou sendo contratado pelo Mc Donald´s para estrelar uma campanha publicitária lançada em setembro do ano passado.
“Fonfon é uma reprodução grotesca do Fofão, uma imitação dolosa da obra alheia”, afirmou Pedro à Justiça. “O próprio nome ‘Fonfon’ deixa clara a intenção de fazer referência ao original”.
Em relação à rede de restaurantes, o herdeiro, que cobra uma indenização por de R$ 500 mil, disse à Justiça que é difícil conceber que a empresa não conhecesse a história do Fofão e que tenha acreditado que a Carreta Furacão fosse proprietária dos direitos autorais do personagem.
A Carreta Furação e o Mc Donald´s ainda não apresentaram defesa à Justiça. Procurado pela coluna, o grupo artístico não fez comentários sobre a acusação. Já a rede de restaurantes afirmou que ainda não foi citada oficialmente pela Justiça e que se manifestará nos autos do processo quando isso ocorrer.
Em um documento enviado ao herdeiro, a Carreta Furacão disse que Fonfon é uma “paródia” de Fofão, e que isso não caracteriza violação de direitos autorais.
Afirmou que o grupo existe desde 2007 e que seus integrantes personificam de forma “caricata” figuras populares dos quadrinhos e da TV. “O Fonfon, diferentemente do Fofão, possuiu cabelos longos, pelos das mãos e pés vermelhos, pele branca e usa roupas extremamente coloridas.”
O herdeiro de Pessini declarou a Justiça que as modificações foram feitas “apenas para disfarçar o uso indevido da obra Fofão”. “Trata-se de exploração comercial de um personagem sem autorização”.
A Justiça paulista ainda não julgou o mérito do processo, mas concedeu uma liminar determinando a remoção dos vídeos do ar. O juiz Thomaz Ferreira, no entanto, abriu a possibilidade de que as empresas continuem a explorar Fonfon pelo prazo de um ano ou até que o mérito seja julgado, desde que paguem um valor de R$ 40 mil cada para o herdeiro, valor que deverá ser depositado em juízo.
Orival Pessini morreu em 2016 aos 72 nos, Além de Fofão, ele criou personagens como Patropi e Sócrates.
Com informações do Uol