O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, neste sábado (11), que é preciso acreditar na boa-fé do presidente Jair Bolsonaro, após a carta divulgada por ele na quinta-feira (9), na qual recua dos ataques feitos ao ministro Alexandre de Moraes e à Corte.
“Vamos aguardar. Temos de acreditar na boa-fé da manifestação e vamos aguardar os desdobramentos”, disse Gilmar. “Precisamos de diálogo e precisamos verter nossa energia para esse imenso desafio de reconstrução nacional, de superação desse estado de coisa”, completa o magistrado.
Ainda segundo o ministro, o Judiciário não está impedindo a governabilidade do país e que sem as ações do Supremo, durante a pandemia, o Brasil teria muito mais vítimas da doença. “O Supremo atuou fortalecendo o isolamento social, fortalecendo a vacinação, fortalecendo as hospitalizações, a ampliação de vagas nas UTIs. E não o seu contrário”, afirmou Mendes.
O decano do STF fez referência ainda às manifestações do dia 7 de setembro, afirmando que a percepção de alguns apoiadores de Bolsonaro de que poderia haver uma ruptura institucional não passam de “delírios”. “Nós não podemos imaginar que amanhã as instituições vão se dissolver porque nós vamos reunir 10, 15, 20 mil pessoas em Brasília, São Paulo, seja aonde for”, disse. “Protesta-se contra o quê? O Supremo está impedindo o Executivo de governar? Em que ponto? Quais são as decisões do Supremo que impediram o governo de governar?” questionou o ministro.