O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira (20) que o julgamento da possível denúncia sobre a tentativa de golpe deve ocorrer ainda em 2025. “Eu espero que esse processo seja julgado ainda em 2025, para que a gente talvez não tenha tumultos em 2026, quando já estaremos com o ano eleitoral começado”, declarou em entrevista ao canal “Brasil Confidencial” no YouTube, direto de Portugal.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Braga Netto e outras 37 pessoas por crimes como golpe de Estado e organização criminosa. Atualmente, o relatório está sob análise do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que decidirá se apresenta a denúncia ao STF, solicita diligências adicionais ou arquiva o caso.
Gilmar Mendes elogiou a investigação da PF como “impressionante e extremamente bem-feita” e destacou que o julgamento pode ser dividido caso novos acusados surjam no decorrer do processo.
Sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes de negar a devolução do passaporte de Bolsonaro, Mendes comentou: “Estamos às vésperas de um eventual oferecimento de denúncia nesse tema. Ele preferiu, certamente, não correr qualquer risco.” Bolsonaro está impedido de viajar ao exterior desde fevereiro de 2024, decisão que barrou sua ida à posse de Donald Trump nos Estados Unidos.
O decano também abordou as revelações da Operação Contragolpe, que investigou um plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. “Os dados são extremamente preocupantes. Nunca tínhamos tido uma crise política com esse invólucro militar desde a ditadura de 1964.”
Criticando militares da ativa em cargos civis, Gilmar mencionou o general Eduardo Pazuello: “O caso do general é hoje o símbolo de uma grande débâcle. Confiar a ele o Ministério da Saúde na pandemia foi uma grande irresponsabilidade.”