O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve enviar à Procuradoria-Geral da República (PGR) nos próximos dias o relatório da Polícia Federal (PF) sobre o inquérito que investiga a trama para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A investigação indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, sob acusações de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
Segundo fontes do STF, Moraes, relator do caso, pretende analisar o documento de mais de 800 páginas antes de encaminhá-lo à PGR, o que deve ocorrer até terça-feira. Após o recebimento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, analisará o material para decidir entre denunciar os investigados, arquivar o caso ou solicitar novas diligências.
Caso a PGR ofereça denúncia, o ministro Moraes deve submetê-la à Primeira Turma do STF, integrada pelos ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino, Luiz Fux e Cristiano Zanin, além de Moraes. Se a denúncia for aceita, os indiciados se tornam réus, iniciando a fase de apresentação de defesas e indicação de testemunhas.
A investigação revelou um plano denominado “Punhal verde amarelo”, que previa assassinatos de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. O esquema teria sido organizado por militares e aliados próximos de Bolsonaro. Um dos principais envolvidos seria o general Mário Fernandes, que, segundo a PF, imprimiu o documento no Palácio do Planalto e fez cópias para distribuição em uma reunião em dezembro de 2023.
Em resposta, Bolsonaro negou envolvimento e criticou Alexandre de Moraes, afirmando que “não é crime discutir a Constituição”. Sua defesa reiterou que ele nunca compactuou com iniciativas contrárias ao Estado democrático de direito.