O ex-governador de São Paulo, advogado e professor Cláudio Lembo faleceu nesta quarta-feira (19), na capital paulista, aos 90 anos. Ele foi vice-governador entre 2003 e 2006 e assumiu o governo do estado por 10 meses após a saída de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência da República.
TRAJETÓRIA NA POLÍTICA E NO DIREITO
Com uma longa carreira pública, Lembo ocupou cargos na prefeitura de São Paulo nas décadas de 1970 e 1980 e chegou a exercer interinamente a função de prefeito entre 1986 e 1989, enquanto era secretário dos Negócios Jurídicos na gestão de Jânio Quadros.
Além da atuação política, teve uma trajetória marcante no meio acadêmico. Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie desde os anos 1970, lecionava Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Entre 1997 e 2002, foi reitor da instituição.
O velório será realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), no Hall Monumental, das 10h30 às 15h. O sepultamento ocorrerá no Cemitério do Araçá, às 16h.
HOMENAGENS E LEGADO
Diversas autoridades lamentaram a morte de Lembo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, destacou sua integridade: “Continua conosco o seu exemplo de homem público íntegro, guiado pelos mais elevados princípios.”
O presidente da OAB-SP, Leonardo Sica, ressaltou sua coerência: “Lembo tem uma vida longa de dedicação ao Direito e à política com retidão e coerência. Agora, deixa nossa convivência, mas igualmente deixa um grande exemplo de cidadão.”
O ministro Moura Ribeiro, do Superior Tribunal de Justiça, lembrou do ex-governador como “um bem-humorado humanista, apaixonado pela liberdade”. Já o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, o definiu como “um líder político liberal clássico” e “homem à frente de seu tempo”.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou a postura de Lembo no debate público: “Perdemos um político lúcido e preparado, um verdadeiro democrata, que fazia política com o intelecto e o coração.”
VISÃO CRÍTICA SOBRE A POLÍTICA
Em entrevista concedida em 2020, Lembo demonstrou ceticismo em relação ao cenário político brasileiro e à ascensão do populismo. “Não há mais respeito um pelo outro. Nos debates, você vê sempre uma forma agressiva, palavras de baixo calão, grosseria ou falsidade expressiva. Não vai bem a classe política”, afirmou na época.
Ele também defendia a mudança da sede do Judiciário brasileiro para fora de Brasília e criticava o ativismo judicial: “Se o Legislativo está em mora, o Judiciário não pode se colocar no lugar do legislador. E isso tem acontecido muito nos últimos anos.”