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Advogados e ONG são alvos de operação por ligação com o PCC

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Uma operação realizada pela Polícia Civil de São Paulo em conjunto com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público, revelou um esquema envolvendo uma organização não governamental (ONG) e advogados supostamente ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo as investigações, a ONG era utilizada pela facção para atacar autoridades e disseminar informações falsas com o objetivo de desestabilizar a opinião pública.

A operação, denominada “Scream Fake”, resultou na prisão de 12 pessoas e no cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão em diversas cidades de São Paulo, como Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Sorocaba, além de Londrina, no Paraná. Entre os detidos estão a presidente e o vice-presidente da ONG Pacto Social & Carcerário, que foi destaque em um documentário da Netflix, lançado em 2024, sobre o sistema penitenciário brasileiro.

Investigação e contexto do esquema

A apuração teve início há três anos, quando um visitante tentou entrar na Penitenciária II de Presidente Venceslau com mídias externas escondidas em suas roupas. O material apreendido revelou detalhes da atuação de quatro setores da facção: Gravatas, Saúde, Financeira e Reivindicações.

De acordo com a polícia, o Setor de Reivindicações tinha um papel estratégico ao utilizar a ONG e advogados ligados ao PCC para promover ataques coordenados a agentes públicos e divulgar denúncias falsas relacionadas ao sistema prisional. Essa prática visava enfraquecer a confiança no sistema de Justiça e fomentar a desestabilização institucional.

Conforme as investigações, a ONG foi criada com apoio do Setor dos Gravatas, que inclui advogados diretamente ligados à facção. Esses profissionais gerenciavam atividades como a prestação de serviços médicos e dentários exclusivos para membros do PCC de maior relevância dentro da organização. Os atendimentos incluíam até procedimentos estéticos e cirúrgicos, realizados dentro de unidades prisionais como a Penitenciária II de Presidente Venceslau e o Centro de Readaptação Penitenciária.

Fluxo financeiro e irregularidades

Os serviços eram financiados por meio de recursos ilícitos. Depósitos não identificados, transferências bancárias realizadas por terceiros ou diretamente pelos advogados eram utilizados para remunerar os profissionais e custear as atividades da facção.

A operação também identificou que os advogados envolvidos no esquema atuavam como verdadeiros integrantes do PCC, coordenando ações em diversas frentes e repassando informações sobre as atividades da ONG à liderança da facção. Embora a organização estivesse registrada em São Bernardo do Campo (SP), as autoridades constataram que ela não possuía operações regulares no local.

Impacto da operação

Além das prisões, os perfis da ONG nas redes sociais e seus serviços foram suspensos por determinação judicial. Segundo as autoridades, a desarticulação da ONG e o desmonte das atividades realizadas pelos setores ligados ao PCC representam um golpe significativo na estrutura da facção e na sua capacidade de influenciar a opinião pública.

As investigações seguem em andamento para aprofundar as apurações e identificar outros envolvidos no esquema.

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