A presidente da seccional do Rio de Janeiro da OAB, Ana Tereza Basilio, solicitará uma investigação formal à Secretaria de Segurança Pública do estado após um drone ter sobrevoado sua casa na Urca, zona sul do Rio, no último dia 20. Segundo a advogada, o equipamento era controlado por ocupantes de um Porsche que ficou estacionado próximo à sua residência, cuja placa foi anotada.
O incidente, que ela classifica como uma tentativa de intimidação, ocorre apenas duas semanas após a sede da OAB-RJ ter sido fechada por uma ameaça de atentado a bomba, que foi comunicada pela Polícia Federal. A suspeita da PF é que a ameaça de bomba estaria ligada a um evento da Comissão de Combate à Violência Racial da entidade.
O Conselho Federal da OAB repudiou as tentativas de intimidação, afirmando que qualquer tentativa de constranger sua atuação afronta os princípios democráticos.
“A advocacia não se curva a ameaças. Ana Tereza Basílio é uma líder aguerrida, respeitada por sua trajetória em defesa das prerrogativas e pelo compromisso com a advocacia fluminense. Qualquer tentativa de constranger sua atuação ou de abalar a autonomia institucional da seccional afronta os princípios democráticos e o livre exercício da profissão. Em total e irrestrito apoio à presidente e à advocacia do estado, a OAB Nacional reafirma que toda e qualquer forma de coação será enfrentada com firmeza e união”, diz a nota assinada pelo presidente em exercício da OAB, Felipe Sarmento.
Embora não faça uma associação direta entre os episódios, Ana Tereza Basilio avalia que a atuação da entidade em pautas sensíveis gera incômodos. “O que tem em comum é o fato de a OAB defender bandeiras que incomodam radicais”, afirma ela.
“Acompanhamos temas raciais, LGBTQIAP+, atuamos forte na questão de prerrogativa e direitos humanos. Esse fatores contribuem para que a OAB-RJ seja foco desse tipo de atividade criminosa. Além disso, como sou a primeira mulher, isso pode passar a imagem de que seria, em tese, possível me amedrontar.”
A sede da OAB-RJ tem um histórico de ataques, incluindo uma carta-bomba que matou a secretária Lyda Monteiro em 1980, durante a ditadura militar.