A Justiça do Rio deu prazo de 48 horas para que a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) esclareça o motivo de o miliciano Peterson Luiz de Almeida, conhecido como Pet ou Flamengo, ter deixado o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte da capital, pela porta da frente mesmo estando com a prisão preventiva decretada. O criminoso saiu da cadeia no último domingo. A Seap informou que ainda não foi notificada da decisão judicial.
O despacho, com data de segunda-feira, foi assinado pelo juiz Richard Robert Fairclough. O magistrado foi quem aceitou uma denúncia do Ministério Público e converteu a prisão temporária de Peterson em preventiva, em 26 de outubro deste ano.
O criminoso foi preso em agosto deste ano, numa ação conjunta do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), e da Polícia Federal. Ele integra a quadrilha de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho — o chefe da maior milícia do Estado do Rio.
As milícias no Rio:
- As milícias são grupos paramilitares, que disputam com os traficantes espaço na subjugação de comunidades carentes e bairros na capital e em outros municípios fluminenses. Em 2005, reportagem do GLOBO revelou que essas quadrilhas formadas por policiais e ex-policiais tinham assumido o controle de 42 favelas na Zona Oeste do Rio.
- Após uma década de expansão e fortalecimento, os grupos milicianos dominam e exploram regiões que se espalham por dezenas de bairros do Rio e no entorno da capital, brigam por novos territórios com um arsenal militar. Corrompem, matam e se infiltram nas instituições. Quase sempre sem punição.
- Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu, no dia 23 de outubro, uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula. Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.
Peterson foi denunciado pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo. As penas máximas podem atingir 20 anos de prisão.
A participação de do criminoso na milícia foi revelada em investigações sobre o grupo criminoso integrado por ele. As provas foram coletadas na Operação Dinastia, deflagrada pela PF e o Gaeco em agosto de 2022. Segundo a denúncia do MP, além de negociar armas, o miliciano planejava execuções de criminosos rivais, em prol de Zinho.
Peterson teria, ainda, ligações com o também miliciano Rodrigo dos Santos, o Latrell, e com o miliciano Matheus Rezende, o Faustão, morto em 23 de outubro deste ano. Peterson atua nos bairros de Sepetiba e Nova Sepetiba, na Zona Oeste do Rio.