O ex-procurador e futuro candidato ao parlamento federal Deltan Dallagnol foi ao Twitter reclamar de um processo em que ele é alvo no Tribunal de Contas da União (TCU). Ele mostra um ofício recebido em que é cobrado por gastos de R$ 2,8 milhões com diárias e passagens pela “lava jato” de Curitiba. Segundo Deltan, a Corte estaria tentando “puni-lo” por “combater a corrupção”.
No vídeo, ele se diz vítima de uma “reação” do “sistema” por ter atuado para devolver R$ 15 bilhões aos cofres públicos, segundo ele desviados pela corrupção.
Essa atuação, que na verdade causou prejuízos exponencialmente maiores à economia do país, também teve custos agregados: o processo no TCU questiona justamente o pagamento de diárias e passagens a procuradores que residiam em Curitiba para que viajassem e se alimentassem em Curitiba.
Deltan afirma que, para “recuperar” o dinheiro da “corrupção”, a finada “força-tarefa” convocou procuradores especializados de todo o país, custeando passagens e diárias “como qualquer empresa paga”.
O TCU, no entanto, entendeu que o modelo de financiamento “não representou o menor custo possível para a sociedade brasileira”. “Ao contrário, garantia aos procuradores participantes o auferimento de vultosas somas a título de diárias, sem que tenham sido minimamente analisadas alternativas mais interessantes sob a perspectiva do Estado.”
Deltan diz que não é administrador, não autorizou as diárias, não se beneficiou delas e não mandou pagá-las. No entanto, em conversas pelo Telegram, divulgadas pelo The Intercept Brasil, Deltan incentiva os procuradores a gastar mais dinheiro com viagens, uma manobra para evitar que a quantia que estava “sobrando” fosse abatida do orçamento do ano seguinte.
Em seu vídeo no Twitter, Deltan ataca o ministro Bruno Dantas, relator do processo no TCU, afirmando que ele é “apadrinhado” de Renan Calheiros e estava no jantar de lançamento da candidatura do “ex-presidiário”, o ex-presidente Lula.
O ministro Bruno Dantas, também pelo Twitter, fez um post lembrando uma declaração dada “há alguns meses” ao site Migalhas: “magistrado não discute com acusado”, afirmou ele na época.
“O TCU é um órgão colegiado, não existem decisões monocráticas. Então jamais existirá uma medida persecutória, de iniciativa de uma única pessoa”, completou ele na ocasião. Nesta quarta-feira (25/5), acrescentou: “continuo pensando a mesma coisa.”
Com informações da Conjur