Uma jovem de 25 anos que mora em Praia Grande, no litoral de São Paulo, luta por um medicamento de alto custo, já concedido pela Justiça, que precisa para curar um Linfoma de Hodgkin. No dia 15 de outubro de 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que o Estado fornecesse o medicamento à paciente em um prazo de 30 dias. Nesta terça-feira (29, pouco mais de cinco meses depois, Greyce Couto dos Reis Silva diz que ainda aguarda pelo medicamento.
“Eu não tenho condições de pagar essa medicação. Não consigo pagar quase meio milhão de reais. Se tivesse, pagaria”, desabafa.
Greyce contextualizou sua trajetória com a doença. Ela trata o Linfoma de Hodgkin há mais de dois anos, e já atingiu a cura uma vez. Mas, enquanto aguardava por uma cirurgia para remover o linfoma, seu marido saiu do emprego, e ela foi desvinculada do plano de saúde. Assim, a jovem entrou na fila para a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme relata, a vaga pelo SUS demorou cerca de três meses. Nesse intervalo de tempo, seu linfoma cresceu novamente, e ela voltou para a quimioterapia. Mas, desta vez, apenas a quimioterapia não estava mais dando conta de suprimir o linfoma, e ela foi prescrita para ser tratada com Brentuximabe-vedotina, que teria capacidade de reverter a situação de sua doença, para ela conseguir realizar a cirurgia.
O valor de cada dose da medicação é aproximadamente R$ 419,2 mil. Sabendo que não tem condições financeiras para arcar com esse custo, ela entrou na Justiça, em agosto de 2021, para solicitar o remédio de forma gratuita. Após meses de processo, no dia 15 de outubro de 2021, o TJ-SP concedeu a tutela provisória de urgência à paciente, para que ela recebesse o medicamento em até 30 dias.
Mas, pouco mais de cinco meses após a decisão da Justiça, Greyce ainda aguarda pelo medicamento. Ela realiza sessões de quimioterapia para tentar controlar a doença, mas confessa que a rotina é cansativa, e não vai chegar a lugar nenhum, já que, para realizar a cirurgia e retirar o linfoma, ela precisa do medicamento de alto custo.
“Se a medicação não chegar, vou continuar fazendo quimioterapia várias vezes, e não sei até quando vou aguentar. Meu corpo está enfraquecendo, já não sou mais a mesma”, desabafa.
Linfoma de Hodgkin
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Linfoma ou Doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto de órgãos e tecidos espalhados pelo corpo. Formado por vasos e gânglios, o sistema linfático é responsável por produzir e amadurecer as células de defesa do organismo, além de drenar e filtrar o excesso de líquido do corpo.
Conforme informações do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, o tratamento do Linfoma de Hodgkin é baseado em fatores como idade do paciente, estado clínico geral, tipo e localização do linfoma. Vários tipos de tratamento podem ser realizados para o linfoma, como, por exemplo, quimioterapia, radioterapia, anticorpos monoclonais e quimioterapia de alta dose com transplante de medula. As duas principais formas de tratamento são a quimioterapia e a radioterapia.
Secretaria de Estado da Saúde
O Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista informou, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que o medicamento Brentuximabe-vedotina está disponível, e que a paciente foi orientada a retirar o insumo a partir desta terça-feira, no prédio do departamento.
Com informações do G1