A 1ª Vara Criminal de Taguatinga (TJ-DFT) aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tornou ré Susy Ferreira de Aguiar, 38, acusada de aplicar um golpe na amiga da família para custear uma festa de casamento luxuosa para ela. Agora, Susy é ré por estelionato.
Ao aceitar a denúncia, o juiz Tiago Fontes Moretto entendeu que o MPDFT apresentou elementos que incriminam Susy, como a qualificação do crime e o rol de testemunhas. Susy vai responder em liberdade, já que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DFT) concedeu liberdade provisória para ela.
Susy subtraiu mais de R$ 55 mil de uma idosa, de 66 anos, amiga da mãe dela. A vítima tinha uma dívida de mais de R$ 190 mil referente à hipoteca de um apartamento e foi ludibriada pela golpista. A suspeita ofereceu ajuda e indicou um suposto advogado especializado em direito imobiliário.
O profissional chegou a entrar em contato com a vítima por telefone, disse que conseguiria renegociar a dívida e precisaria apenas do CPF e do nome completo dela.
A ré disse à idosa que R$ 30 mil seria o valor necessário para quitar toda a dívida e orientou a vítima a fazer um empréstimo no banco. Em depoimento prestado na 12ª DP (Taguatinga Centro), a idosa contou que confidenciou à Susy as senhas bancárias para que ela pudesse efetuar as transações financeiras. Além dos R$ 30 mil, Susy pediu mais R$ 9,5 mil à idosa para pagar impostos.
A golpista fez várias transferências via pix da conta da idosa. Em 1º de março, ela transferiu R$ 30 mil. No dia 7, foram feitas mais duas transações no valor de R$ 10 mil cada. No dia seguinte, mais um depósito de R$ 10 mil e, em 14 de março, R$ 5 mil.
Festança
O dinheiro subtraído por Susy da conta da idosa foi transferido para uma única conta em nome de uma empresária do ramo de festas, com nome fantasia de Lys Events. No entanto, a empresária sequer sabia que também estava sendo vítima do golpe. A vítima contou que a golpista não utilizou apenas o CNPJ dela, mas de uma empresa do buffet e do DJ que tocaria na cerimônia.
Desconfiada da quantidade de movimentações financeiras na conta, a idosa contratou uma advogada para verificar o andamento do processo referente à hipoteca da casa. Ao Correio, a advogada Laryssa Dias Rêgo Ferraz contou que, ao verificar os destinatários dos valores, constatou que, na verdade, tratava-se de fornecedores de casamento e que não havia quaisquer processos em trâmite que tratassem da revisão das parcelas do apartamento.
A idosa questionou Susy sobre o ocorrido e trocou as senhas bancárias. Na quarta-feira (15), segundo a advogada, a estelionatária implorou à vítima para que elas se encontrassem pessoalmente, pois iria provar que não se tratava de golpe.
“Uma suposta oficial de Justiça teria entrado em contato com a minha cliente para falar sobre uma audiência de conciliação. Algo totalmente estranho, pois constava no e-mail que havia documentos anexados, mas, na verdade, não tinha. Fui ao apartamento da vítima e constatei que se tratava de um golpe”, afirmou a advogada.
Segundo as investigações, a estelionatária usou os dados pessoais da própria advogada de defesa para “criar” a oficial de justiça, na tentativa de convencer a vítima de que não se tratava de um golpe. Na delegacia, a advogada, ao descobrir a verdade, abandonou o caso e prestou depoimento contra a autora.
A vítima e a suspeita foram conduzidas à delegacia para prestar depoimento. Susy foi presa em flagrante e, durante o interrogatório, negou o crime e alegou que só tinha a intenção de ajudar a idosa. Disse ainda que não tinha acesso às contas bancárias da mulher.
A destinatária dos valores transferidos da conta da idosa também prestou depoimento. Trata-se da cerimonialista contratada para fazer o casamento da criminosa. À polícia, a mulher contou que cobrou R$ 900 pelo serviço. Mas Susy transferiu um total de R$ 33 mil para a conta dela e pediu para a profissional retirar o dinheiro cobrado e devolver o resto. A mulher relatou que não desconfiou de nada, pois achou que a conta fosse do marido de Susy e, por isso, não a questionou.
A cerimonialista só descobriu que a conta dela havia sido usada para movimentar o dinheiro da vítima depois da prisão de Susy.
Golpe no marido
Chamado para depor, o marido da estelionatária relatou que mantinha um relacionamento com a suspeita há cerca de dois anos. Os dois são casados no civil desde novembro e fariam a festa no domingo (19), com um total de 250 convidados.
Na delegacia, ao prestar depoimento, o rapaz disse nunca ter desconfiado de qualquer atitude criminosa da mulher, mas expôs uma série de golpes sofridos por ele desde março do ano passado. O primeiro deles foi referente à venda de um carro, depois dele anunciar o veículo em um site de vendas.
De acordo com ele, na época, Susy indicou um amigo para vender o automóvel e repassou a conta da mãe dela para que fosse feito o depósito. No entanto, a mulher dizia a todo momento que o dinheiro não poderia ser retirado, pois estava sendo aplicado.
O homem ainda alegou ter tido a conta bancária invadida várias vezes e ter identificado diversas compras efetuadas pela internet. A vítima chegou a ter o nome negativado e gastou R$ 6 mil com uma advogada indicada pela própria esposa. Mas, na delegacia, descobriu, pela própria advogada, que ela jamais teria o representado em alguma ação e que, na verdade, tratava-se de um golpe.
Com informações do Correio Braziliense