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Juíza auxiliar de Fachin é hostilizada em pizzaria de Cuiabá por ser nordestina e defender urnas

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Uma juíza auxiliar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi vítima de agressões verbais e xenofobia por parte de um dirigente brasileiro de uma petrolífera britânica. O motivo seria o fato da juíza federal Clara da Mota Santos Pimenta Alves ser nordestina e defensora das urnas eletrônicas.

A juíza relatou o ocorrido à Polícia Federal. A situação aconteceu em uma pizzaria de Cuiabá (MT), na última sexta-feira (4).

Na ocasião, relata a magistrada, o chefe da British Petroleum no Brasil, Adriano Bastos, estava na mesa onde a juíza estava com duas filhas pequenas, e passou a agredi-la verbalmente

Conforme o relato feito à Polícia Federal e à empresa, a magistrada estava em uma pizzaria com as duas filhas, após uma apresentação na escola, acompanhada de outros pais e crianças.

A partir daí, iniciou-se uma conversa sobre as eleições brasileiras, e um dos integrantes da mesa afirmou que houve fraude no processo. Clara defendeu o sistema eleitoral, esclarecendo que ele era íntegro.

Ciente de que Clara era juíza, de origem baiana e atuava no STF, Adriano Bastos disse que a vitória de Lula se devia ao fato dos baianos terem votado no petista, que se tratavam de “assistidos” e que a Bahia “não representa o PIB” e “não produz nada”.

O homem completou ainda que Lula foi votado por servidores públicos que “não trabalham” e “não fazem nada”.

Em razão dos insultos, a magistrada deixou o local e passou a adotar as medidas legais para responsabilizar, civil e criminalmente, o agressor.

A juíza apresentou uma ação contra Bastos e já notificou o compliance da petrolífera a respeito das agressões sofridas. Na notificação, Clara ressaltou que ela e suas filhas eram as únicas de origem baiana no recinto, “não havendo quaisquer outros possíveis destinatários das ofensas, proferidas em público, no ambiente de um restaurante, em mesa na qual estavam sentadas cerca de 12 pessoas”.

MAGISTRADOS COBRAM PUNIÇÃO

Um grupo de juízas que atuam no STF, no Conselho Nacional de Justiça, no Conselho da Justiça Federal e na Justiça Federal, prestou, nesta segunda-feira (7), apoio à Clara.

Nesta terça-feira (8), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) afirmou que ataques como os feitos à Clara ‘não serão admitidos’, os caracterizando como ‘violência política manifestada por meio de inaceitáveis atitudes preconceituosas, autoritárias, antidemocráticas e que propaguem o ódio e a intolerância’.

A entidade ressaltou que ‘agressões misóginas e xenófobas’ como as sofridas pela magistrada constituem crime e cobrou que o agressor seja ‘punido com todo o rigor da lei’. Para a Ajufe, os insultos ‘revelam completa falta de humanidade, respeito, empatia e civilidade’.

“A liberdade de expressão não deve jamais ser confundida com liberdade de agressão ou de se manifestar com intolerância ou de forma discriminatória, por simples discordância de pensamento”, frisou a entidade.


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