Uma delegada recebeu voz de prisão de um juiz de direito após registrar um caso de violência doméstica contra ele na Delegacia de Defesa da Mulher, em Fortaleza (CE), na madrugada do último sábado (6). A delegada não chegou a ser presa, mas, segundo a Polícia Civil, foi desacatada e ofendida pelo juiz enquanto exercia seu trabalho. O magistrado nega as denúncias. Os nomes dos envolvidos não serão citados para preservar a identidade da mulher vítima de violência doméstica.
O Tribunal de Justiça do Ceará disse que aguarda apuração dos fatos e “repudia todo e qualquer tipo de violência e adotará as medidas cabíveis, caso seja constatado algum ato em desacordo com os princípios éticos e legais”.
A delegada teria ouvido uma médica, namorada do juiz, que o denunciava por violência doméstica. O magistrado teria tomado conhecimento da denúncia quando foi até a delegacia exigir o boletim de ocorrência registrado pela então namorada.
Ainda conforme relato de testemunhas, a delegada, que dava plantão na unidade policial, se recusou a entregar o documento ao juiz. Se valendo da posição pública, o magistrado deu voz de prisão contra a delegada. Houve confusão na delegacia e policiais defenderam a delegada, pedindo para que o juiz fosse embora.
A Polícia Civil informou, em nota, que investiga o caso. A polícia também disse que presta apoio a delegada.
Depoimento
A Associação Cearense de Magistrados (ACM) informou que o juiz afirma ser inocente de quaisquer crimes e que pretende provar a inocência ao longo das investigações. Ainda segundo a ACM, o magistrado foi até a delegacia por livre e espontânea vontade para realizar depoimento com a sua versão da história.
“Ademais, no mesmo ensejo, o magistrado e sua defesa solicitaram acesso aos depoimentos já obtidos pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE)”, disse, em nota, a ACM.
“Após ter dado sua declaração e ter tido acesso aos documentos ora mencionados, conforme permite a legislação, o magistrado se ausentou da delegacia, especialmente pelo fato de não constarem contra ele quaisquer provas”, pontuou a associação.
Com informações do G1