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TRT-2 começa a utilizar IA generativa para agilizar produção de sentenças

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O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), o maior tribunal trabalhista do país, iniciou oficialmente a utilização de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para agilizar a produção de sentenças. A adoção do Sistema Galileu, desenvolvido pelo TRT da 4ª Região (TRT-4), no Rio Grande do Sul, foi oficializada em 25 de julho.

O Galileu atua como um assistente virtual, realizando a leitura automática de petições iniciais e contestações, organizando as informações de forma estruturada e sugerindo minutas com os tópicos da sentença já dispostos em ordem lógica. Em cada item, são inseridos os detalhes dos pedidos e dos argumentos das partes, além de subsídios para a tomada de decisão, como jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), precedentes qualificados e decisões anteriores do próprio magistrado.

A tecnologia, que começou a ser testada no TRT-4 em 2023, foi nacionalizada pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), que autorizou formalmente o uso do Galileu em todos os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs). O TRT-2 é o segundo tribunal trabalhista do país a adotar o sistema Galileu, que promete otimizar a produção de minutas de sentenças por magistrados e servidores.

INOVAÇÃO

A nova tecnologia foi apresentada em aula magna realizada no Fórum Ruy Barbosa, em São Paulo, pelo juiz auxiliar da Presidência do TRT-4, Rodrigo Trindade de Souza, e pela secretária de Tecnologia e Inovação do Supremo Tribunal Federal, Natacha Moraes de Oliveira. A aula magna contou com a participação de aproximadamente mil magistrados e servidores.

O TRT-2 também foi escolhido como centro de capacitação do sistema para toda a Justiça do Trabalho. A decisão foi formalizada por meio de um acordo de cooperação técnica firmado entre TRT-2 e TRT-4 durante a terceira reunião ordinária de 2025 do Colégio de Presidentes e Corregedores dos TRTs (Coleprecor), realizada em 24 de abril, em Brasília.

Para o presidente do TRT-2, Valdir Florindo, “o futuro já chegou. E não veio com alarde, mas com mudanças profundas e silenciosas. Ele nos alcança nas rotinas, nas profissões, nas instituições e, como não poderia deixar de ser, também na forma como exercemos a jurisdição”. Florindo complementou: “A IA já está entre nós, transformando fluxos de trabalho, desafiando modelos tradicionais e exigindo um novo tipo de responsabilidade: a de entender, aplicar e conduzir a inovação com discernimento ético e visão estratégica”.

De acordo com o magistrado, a ferramenta será inicialmente utilizada no primeiro grau, mas já está em desenvolvimento uma versão piloto que vai expandir a tecnologia para a segunda instância. “No TRT da 4ª Região, onde o sistema já opera com sucesso, os resultados são expressivos: em apenas dois meses, o Galileu passou a ser utilizado em mais de um terço das sentenças proferidas, o que demonstra, na prática, sua eficiência e aplicabilidade”, pontuou.

CAPACITAÇÃO EM IA GENERATIVA

Com o avanço acelerado da inteligência artificial (IA) e o crescente uso de modelos de linguagem de larga escala (LLMs), a Justiça do Trabalho publicou, em junho, um normativo estabelecendo diretrizes para capacitação e treinamento continuado em IA generativa.

O Ato Conjunto TST.CSJT.ENAMAT.CEFAST nº 35/2025 busca garantir que magistrados e servidores estejam preparados para lidar com as novas tecnologias de forma ética, segura e eficiente, além de mantê-los atualizados quanto à evolução dessas tecnologias e suas implicações para o sistema de Justiça. Além disso, o ato reforça a centralidade da atuação humana e a necessidade de supervisão e revisão das decisões judiciais por magistrados, vedando a utilização autônoma de sistemas de IA na tomada de decisões.

A capacitação será realizada pelas escolas judiciais dos Tribunais Regionais do Trabalho (Ejuds), pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) e pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Assessores e Servidores do TST (Cefast). Os cursos terão enfoque prático e reflexivo, com metodologia baseada em aprendizagem ativa, interação entre os participantes e uso de plataformas de educação a distância.

A matriz curricular será dividida em três módulos: preliminar, básico e intermediário, com conteúdos que abordam desde fundamentos e conceitos técnicos até questões éticas, jurídicas e antropológicas envolvidas no uso de IA no sistema de Justiça. Os programas de formação em IA e LLMs devem abranger, no mínimo, os seguintes conteúdos: vieses algorítmicos e suas implicações para a justiça; segurança da informação e privacidade de dados, à luz da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); noções de uso de ferramentas institucionais, como o Chat-JT; primeiros passos em IA Generativa: criação, utilização e verificação de conformidade; e diferenciação entre uso auxiliar e delegação de decisões às ferramentas de IA.

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