Em sessão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (20), a subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, defendeu a instauração de um procedimento disciplinar contra o policial federal Wladimir Matos Soares. Ele é apontado como integrante do chamado “núcleo operacional” da suposta tentativa de golpe de Estado investigada pela Polícia Federal, ocorrida em 2022. O pedido da representante do Ministério Público surge após a revelação de áudios nos quais o agente afirma que seria capaz de “prender ministros do STF” e “matar meio mundo” para implementar o plano golpista.
Os áudios vieram à tona após o avanço das investigações, mas não constam da denúncia inicial apresentada pela Procuradoria-Geral da República. A defesa de Soares solicitou o adiamento do julgamento para poder analisar o novo material, mas o ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido, afirmando que os áudios não se caracterizam como prova nova e, portanto, não justificariam a postergação. Segundo Cláudia Sampaio, os áudios em questão não contaminam o processo principal, mas justificam a abertura de apuração específica quanto à conduta funcional do agente.
A subprocuradora destacou ainda que o núcleo operacional da trama incluiu o planejamento de monitoramento e neutralização de autoridades, numa organização composta por 12 investigados: 11 militares, entre ativos e da reserva, e um policial federal. Entre os envolvidos estão integrantes das Forças Especiais do Exército, popularmente conhecidos como “kids pretos”. Eles são acusados de pressionar o alto comando militar e arquitetar ações violentas com o objetivo de reverter o resultado das eleições de 2022.
O STF deve decidir até esta quarta-feira (21) se aceita a denúncia oferecida pela PGR. Caso seja acolhida, os 12 investigados se tornarão réus, e o processo seguirá para a fase de instrução, que inclui a oitiva de testemunhas. Entre as penas previstas estão a proibição de promoções para militares da ativa, a exclusão de condenados das Forças Armadas por meio de julgamento no Superior Tribunal Militar (STM), além de possíveis sentenças que podem chegar a até 17 anos de prisão. O julgamento prossegue com a apresentação dos argumentos das defesas antes do início da votação dos ministros.