Os ex-ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), atualmente senador, e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), atual governador de São Paulo, afirmaram nesta sexta-feira (30/5), desconhecer qualquer envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro com tentativas de ruptura institucional ou golpe de Estado.
As declarações foram dadas em depoimentos por videoconferência, como testemunhas de defesa de Bolsonaro, na ação penal que investiga uma suposta trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. A audiência foi presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Tarcísio de Freitas, cotado como possível representante do bolsonarismo na próxima corrida presidencial, asseverou “jamais” ter tratado ou ouvido Bolsonaro tratar de qualquer assunto relativo a algum tipo de golpe, seja antes ou depois do pleito. “Assim como nunca aconteceu enquanto fui ministro“, acrescentou.
Após a derrota eleitoral, já como governador eleito e afastado do governo federal, Tarcísio relatou ter visitado Bolsonaro ao menos duas vezes, “por amizade”, no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Da mesma forma, nesse período, na reta final [do governo], nas visitas, tivemos várias conversas, jamais se tocou nesse assunto, jamais mencionou ruptura“, reforçou.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, deu resposta similar ao ser questionado pelo advogado Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro, sobre se o ex-presidente mencionou algum tipo de ruptura nos vários encontros entre os dois após a derrota eleitoral. “Em hipótese nenhuma. Nunca aconteceu isso“, afirmou Nogueira. “Todas as determinações que o presidente me deu foi para que fizesse a transição da melhor forma possível“.
Assim como Tarcísio, o ex-ministro-chefe da Casa Civil voltou a relatar que Bolsonaro chegou a ficar depressivo no período pós-eleitoral, com “falta de interesse pela situação do país”, mas assegurou que a transição ocorreu “dentro da normalidade”. “O presidente em momento nenhum quis obstacular qualquer situação“, concluiu.
TESTEMUNHAS DISPENSADAS
Estava previsto para a manhã desta sexta-feira o depoimento de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro. No entanto, o líder partidário foi dispensado pela defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também réu na ação penal.
Valdemar chegou a ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento na suposta trama golpista, mas foi poupado na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Outras testemunhas dispensadas nesta sexta foram os ex-ministros Gilson Machado (Turismo) e Eduardo Pazuello (Saúde), que deporiam à tarde como testemunhas de Bolsonaro, mas foram dispensados pela equipe de defesa do ex-presidente.
Também foi dispensado o advogado Amaury Feres Saad, apontado no inquérito policial como um dos mentores intelectuais de uma minuta de decreto com teor golpista, mas que também não foi denunciado pela PGR.