O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continua adotando medidas para “interferir e embaraçar” o andamento da ação penal em que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é réu.
Segundo despacho de Moraes, tornado público nesta quarta-feira (9 de julho), uma postagem no perfil de Eduardo Bolsonaro no X (antigo Twitter), feita em 29 de junho durante a manifestação do ex-presidente na Avenida Paulista, em São Paulo, evidencia a tentativa do parlamentar de influenciar o processo do pai, que responde por cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado.
Na publicação, Eduardo divulgou um vídeo do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que falava em inglês e criticava as investigações, com um recado “para todos lá fora que estão nos escutando”. Para Moraes, o investigado “permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da AP 2.668/DF, que já se encontra em fase de apresentação de alegações finais pelas partes”.
O ministro determinou que o vídeo seja incluído no inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro por crimes de coação, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Moraes também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso. O deputado está atualmente nos Estados Unidos, alegando ser alvo de perseguição política por parte do STF.
INQUÉRITO PRORROGADO
Moraes prorrogou por mais 60 dias a investigação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Eduardo Bolsonaro. A decisão, publicada na última segunda-feira (7 de julho), é justificada pela necessidade “de prosseguimento das investigações, com a realização de diligências ainda pendentes”.
Na quinta-feira (3 de julho), a PF já havia solicitado ao STF mais tempo para investigar o deputado. Eduardo Bolsonaro é alvo de um inquérito que apura suposta obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A abertura do inquérito, determinada em 26 de maio, ocorreu após um pedido da PGR. O órgão alegava que o deputado vinha fazendo declarações públicas e postagens em redes sociais nas quais dizia estar atuando para que o governo norte-americano impusesse sanções a ministros do STF e outras autoridades brasileiras.
Nesse inquérito, a PF ouviu o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que ele seria o responsável por manter financeiramente o filho nos EUA. Em sua oitiva, Bolsonaro afirmou ter enviado R$ 2 milhões para o filho. O dinheiro, segundo ele, foi transferido em 13 de maio por meio de um Pix, e tem origem nos R$ 17 milhões arrecadados pelo ex-presidente em campanha realizada em 2023 para pagar multas recebidas à época da pandemia.