Na terceira audiência do realizada na tarde de ontem (5), o TJ-RJ ouviu 14 testemunhas relacionadas ao caso das seis vítimas que receberam transplantes de órgãos e foram infectadas por HIV no laboratório PCS Labs Saleme, em Nova Iguaçu, em setembro do ano passado. O processo segue em segredo de justiça.
Após a audiência, o juízo da 2ª Vara Criminal do município determinou que, no próximo dia 25, serão interrogados os seis réus: Walter Vieira, sócio da empresa;
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio e filho de Walter; Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico do laboratório; Jacqueline Iris Barcellar de Assis, auxiliar administrativa; Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica, Cleber de Oliveira Santos, biólogo.
Em fevereiro, três das seis vítimas, além de 11 testemunhas, prestaram depoimentos à Justiça durante a primeira audiência de instrução. Na segunda audiência, em abril, o juízo da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu ouviu as outras vítimas e mais seis testemunhas.
RELEMBRANDO O CASO
A contaminação foi descoberta no dia 10 de setembro de 2024, quando um paciente transplantado chegou em um hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Ao todo, houve seis registros de contaminados. Segundo o apurado, o laboratório emitiu laudos falsos nos exames de sorologia dos pacientes.
As investigações da Delegacia do Consumidor (Decon) indicaram que os laudos falsificados foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação. Segundo a polícia, os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas as investigações apontaram que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de lucros.
Em defesa enviada à Secretaria de Estado de Saúde (SES) na época, a empresa de patologia mudou sua versão e justificou que o incidente pode ter sido causado pela “janela imunológica” dos doadores, além de afirmar que a margem de testes positivos para contaminação estava “dentro do limite da aceitabilidade”.