Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, o engenheiro Éder Balbino, contratado pelo PL para auditar as eleições de 2022, afirmou não ter encontrado indícios de fraude no sistema eletrônico de votação. A declaração reforça a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) no processo que investiga suposta tentativa de golpe após a derrota de Jair Bolsonaro.
“Atendi ao que meu cliente solicitou, mas não encontrei fraude. Pelo contrário, quando meu cliente entendeu que havia [fraude] e o relatório vazou, deixei claro que aquilo não era um indício de fraude”, declarou Balbino, que prestou serviços ao Instituto Voto Legal, entidade indicada pelo PL para fiscalizar o pleito.
O depoimento ganha relevância porque o PL usou relatório do instituto para pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a invalidação de votos de 279 mil urnas no segundo turno – medida que, se acatada, daria vitória a Bolsonaro sobre Luiz Inácio Lula da Silva. O partido alegava irregularidades nos equipamentos, tese rejeitada pela Justiça Eleitoral.
CONTEXTO
Balbino foi ouvido como testemunha de acusação no julgamento do chamado “núcleo 1” da investigação sobre suposto golpe eleitoral. As audiências, realizadas por videoconferência sem transmissão pública, contam com a presença virtual de Bolsonaro, que responde como réu.
O engenheiro destacou que o Instituto Voto Legal foi criado em 2021 especificamente para atuar na auditoria eleitoral. Seu testemunho corrobora posicionamento anterior do TSE e de especialistas em segurança digital, que reiteradamente negaram existência de falhas no sistema de votação.
A PGR sustenta que as alegações de fraude sem comprovação técnica integrariam estratégia para deslegitimar o resultado eleitoral. O julgamento no STF deve prosseguir nas próximas semanas com a oitiva de outras testemunhas.