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Ex-diretor da Abin diz que órgão só identificou gravidade de atos em 8 de Janeiro na véspera

Reprodução: Hugo Barreto

jurinews.com.br

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Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27), o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha afirmou que a agência só conseguiu dimensionar a real gravidade dos atos de 8 de Janeiro um dia antes das invasões aos prédios dos Três Poderes em Brasília. O testemunho ocorreu no âmbito do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, no qual o ex-ministro da Justiça Anderson Torres é réu.

Cunha, que chefiava a Abin no início do governo Lula, revelou que a inteligência brasileira não tinha informações precisas sobre o trajeto dos manifestantes até a manhã do dia 8. “Às 8h daquele dia, soubemos que os manifestantes marchariam rumo à Esplanada“, declarou. Segundo ele, a Polícia Federal havia alertado sobre a presença de 25 ônibus na capital federal no dia 7, número que saltou para 100 veículos – com capacidade para cerca de 5 mil pessoas – na manhã do dia 8.

SISTEMA DE INTELIGÊNCIA EM ALERTA

O ex-diretor detalhou que o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), que reúne órgãos como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e as Forças Armadas, recebeu os primeiros alertas sobre possíveis atos de vandalismo já em 2 de janeiro. As mensagens se intensificaram na noite do dia 6, quando foram identificadas conversas em aplicativos sugerindo depredações.

Na manhã do dia 7, a Abin estabeleceu contato direto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal por meio de um grupo de discussão coordenado pela então subsecretária Marília Ferreira de Alencar – hoje ré no processo. “As manifestações estavam tomando vulto. Achei necessário abrir esse canal“, justificou Cunha.

FALHAS NO FLUXO DE INFORMAÇÕES

O ex-diretor admitiu lacunas no sistema de inteligência: “A Abin não recebeu dados da Polícia Rodoviária Federal sobre o fluxo de ônibus para Brasília nos dias anteriores“. Essa falha teria dificultado a antecipação do tamanho dos protestos.

Marília Alencar, única mulher entre os 31 réus no processo, é acusada pela PGR de ter coordenado as forças policiais do DF para sustentar uma “permanência ilegítima” de Bolsonaro no poder.

OUTROS DEPOIMENTOS

Mais cedo, o ex-diretor de operações da PRF Djairlon Henrique Moura negou que as blitze durante o segundo turno das eleições de 2022 tenham sido usadas para impedir o fluxo de eleitores. “Mais de 60% dos veículos foram liberados em menos de 15 minutos“, afirmou, reconhecendo porém operações específicas em ônibus com destino ao Nordeste.

O delegado da PF Braulio do Carmo Vieira, por sua vez, relatou que a live de 2021 com ataques infundados ao sistema eleitoral causou “desconforto” a Anderson Torres, que teria sido “convocado” por Bolsonaro para participar.

O julgamento será retomado na tarde de hoje (27) com os depoimentos do ex-ministro da Educação Victor Godoy e outros servidores da PF e Abin que atuaram no governo anterior.

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