O julgamento do empresário Paulo Cupertino Matias, acusado de ter matado o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, entrou em seu segundo dia nesta sexta-feira (30). A sentença será anunciada pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza após as sete pessoas que compõem o júri (quatro homens e três mulheres) ouvirem os argumentos da defesa e da acusação. Na quinta-feira, os três acusados no processo e mais sete testemunhas foram ouvidos no Fórum Criminal da Barra Funda ao longo de mais de 11 horas.
Cupertino é pai de Isabela Tibcherani, que à época do crime tinha 18 anos e namorava Rafael, ator que interpretou o personagem “Paçoca” na novela “Chiquititas”. Rafael morreu aos 22 anos, quando estava acompanhado pelo pai, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e pela mãe, Miriam Selma Miguel, 50. A família foi atingida por 12 tiros. O crime aconteceu em frente à casa de Isabela, na Zona Sul da capital paulista.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) acusa Cupertino por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. A promotoria estima que a pena pode chegar a 60 anos de prisão. Também são réus no processo Eduardo José Machado e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, amigos do empresário acusados de terem ajudado em sua fuga — cujas penas, se condenados, devem ser de apenas um mês.
Ao apresentar suas sustentações pela prisão do comerciante, o promotor de Justiça Thiago Marin classificou Cupertino como alguém de “caráter repugnante”, que agiu com “ódio” e “descontrole” motivados pelo relacionamento de sua filha com Rafael. Segundo Marin, o crime foi premeditado, conforme indicado por um depoimento do irmão do réu, que afirmou que Cupertino “estava no veneno”.
O promotor também mencionou os três anos em que Cupertino ficou foragido, utilizando disfarces, e ironizou: “Ele mudou de tudo, menos de caráter”. Marin ainda rebateu uma fala do réu, que se comparou a uma fera: “Ele é muito pior que um animal”.
Na sequência, reforçou a acusação, dizendo que Cupertino mentiu ao negar o crime e transformou o júri em um “picadeiro”. Para Marin, o caso é “um dos processos com mais provas de autoria”, citando a ausência de roubo e a perícia que encontrou cartuchos compatíveis com a arma registrada em nome do acusado.
Após o crime, o réu ficou foragido por cerca de três anos e, desde 2022, está em prisão preventiva em um Centro de Detenção Provisória (CDP).