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Perícia apresentada por defesa de juiz afastado da vara da Lava Jato questiona laudo

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A defesa de Eduardo Appio divulgou nesta segunda-feira (5) o resultado de uma perícia que questiona o laudo utilizado para justificar o afastamento do juiz da Vara Federal responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba.

O magistrado está afastado de suas funções desde o dia 22 de maio, por decisão do Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

A perícia contratada pela defesa de Appio foi apresentada à Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ), juntamente com um pedido de retorno imediato do juiz às suas funções.

Appio foi afastado cautelarmente após uma investigação apontar que ele teria acessado um processo que continha o contato de João Malucelli, filho de Marcelo Malucelli, um desembargador do TRF-4 que foi afastado da operação. Durante a investigação, foi descoberto que Appio realizou uma ligação para João Malucelli.

A investigação teve início a pedido do próprio desembargador, que se declarou suspeito de analisar os processos da Lava Jato devido à relação próxima entre seu filho, João Malucelli, e Sergio Moro (União Brasil). João é sócio do senador e da esposa dele em um escritório de advocacia.

Durante a ligação, a pessoa identificada como Appio – conforme a apuração realizada pelo tribunal – solicitou o contato de Marcelo, apresentando-se como servidor da Justiça Federal. Em resposta, o filho do desembargador questionou se a pessoa era realmente um servidor, ao que recebeu a seguinte resposta: “E o senhor tem certeza de que não aprontou nada?”.

O laudo que está sendo questionado pelos advogados de Appio, realizado pela Polícia Federal e analisando a ligação telefônica, concluiu, segundo o TRF-4, que a voz do autor da ligação “se assemelha” à voz de Appio. A perícia indicou uma compatibilidade de +3 em uma escala de -4 (pouco provável) a +4 (muito provável).

No entanto, o laudo apresentado pela defesa nesta segunda-feira, elaborado pelo especialista em fonética forense Pablo Arantes, atribuiu um nível de compatibilidade 0 na mesma escala de -4 a +4. Em outras palavras, o autor da análise considera que não é possível confirmar nem descartar que Appio seja o autor da ligação:

“Com base nas análises técnicas realizadas e na minha experiência profissional como doutor na área de linguística, especialista na área de fonética, pesquisador na área de fonética forense e autor de diversos artigos e outras publicações na área, afirmo que o nível 0 seria o adequado para o caso, não se podendo corroborar, nem contradizer a hipótese de mesma origem para as vozes”.

Ao apresentar o laudo à Corregedoria, a defesa de Appio também afirma que os celulares pelos quais os supostos diálogos teriam ocorrido sequer foram apreendidos ou submetidos a perícia.

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