O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, apresentou hoje, durante a leitura de seu voto, um vídeo com imagens da invasão aos prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
O vídeo, produzido a partir de imagens da imprensa, mostrou manifestantes golpistas promovendo depredação e confrontos. Moraes destacou que o episódio não pode ser relativizado:
“Esse viés de positividade faz com que nós, aos poucos, relativizemos isso e esqueçamos que não houve um domingo no parque. Absolutamente ninguém lá estava passeando”, afirmou.
Sem citar nomes, o ministro fez referência ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, que pichou uma estátua da Justiça com a frase “perdeu, mané”. Ele criticou a tentativa de minimizar os atos e ironizou discursos que descrevem os invasores como pessoas pacíficas:
“Pessoas de boa-fé acabam sendo enganadas por pessoas de má-fé que, com notícias fraudulentas e com milícias digitais, passam a querer criar a própria narrativa, como eu disse ontem, de velhinhas com a Bíblia na mão, de pessoas que estavam passeando, que estavam com batom, e foram lá passar um batonzinho só na estátua.”
Moraes já votou pela condenação da cabeleireira a 14 anos de prisão, mas o julgamento foi suspenso após um pedido de vista do ministro Luiz Fux.
Para reforçar a gravidade dos delitos, Moraes exibiu depoimentos, incluindo o de uma policial militar agredida durante os ataques. Segundo ele, um dos símbolos da violência daquele dia foi a PM que teve o capacete destruído com uma barra de ferro. O ministro também mencionou que agentes do STF precisaram usar toda a munição não letal disponível para impedir a destruição de processos sigilosos.
“Uma verdadeira guerra campal. Nenhuma Bíblia é vista e nenhum batom é visto nesse momento. Agora, a depredação ao patrimônio público, o ataque à polícia, é visto.”
O vídeo exibido pelo ministro foi produzido por seu gabinete e não consta nos autos do processo, o que gerou reclamações por parte das defesas dos acusados.
O STF decidirá hoje se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e outros sete investigados. A Primeira Turma analisará se há elementos mínimos para que os denunciados se tornem réus pelos crimes relacionados aos atos do 8 de Janeiro.