A juíza Gabriela Hardt, que atua como substituta na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde ainda estão em andamento processos relacionados à operação “lava jato”, solicitou transferência para Santa Catarina. Ela tem até a próxima segunda-feira (29) para desistir de sua inscrição no concurso interno.
Hardt manifestou interesse em quatro varas em Itajaí, nove em Florianópolis e outras 22 em Curitiba, em ordem de prioridade. No entanto, o edital do concurso oferece vagas apenas para a 2ª Vara Federal da capital catarinense, que é a sétima opção de interesse da juíza.
A magistrada assumiu o cargo de titular na 13ª Vara de Curitiba no final de 2018, substituindo o ex-juiz e atual senador Sergio Moro, que deixou o cargo para se tornar Ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela permaneceu como titular até abril do ano seguinte.
Foi a juíza Hardt quem condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prisão em fevereiro de 2019, no caso do sítio de Atibaia (SP). Na época, ela reproduziu trechos da sentença do caso do tríplex do Guarujá (SP), em que Moro também havia condenado Lula. Ambas as condenações foram posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal.
Em março passado, Hardt assinou mandados de prisão e busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal contra nove suspeitos de planejar ataques a autoridades, incluindo Moro. O inquérito teve início na 9ª Vara Criminal da mesma comarca, mas foi transferido para Hardt após a magistrada titular sair de férias. A juíza substituta assumiu o caso em uma sexta-feira e, na terça-feira seguinte, pela manhã, emitiu sua decisão de 69 páginas no sistema.
Foram cumpridos mandados em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Os suspeitos eram apontados como membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a PF, os ataques simultâneos contra autoridades estavam sendo planejados nesses estados, bem como no Distrito Federal. Além de Moro, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente (SP), também era mencionado como um dos alvos.
A juíza fundamentou suas conclusões no relato de um delator e em mensagens codificadas de celular. Ela afirmou que a suposta testemunha protegida era um “faccionado do PCC”, mas não especificou a origem dessa certeza.
O suposto plano, que envolvia o sequestro de autoridades prisionais, já havia sido mencionado em diversas ocasiões anteriores, sem mencionar Moro. A mais recente ocorreu em agosto de 2022, quando a 15ª Vara Federal de Brasília decretou a prisão preventiva de quatro advogadas e sete líderes do PCC, alegando que estavam planejando resgatar Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, chefe da facção, que está detido na Penitenciária Federal de Brasília, juntamente com seus aliados.