O juiz federal Sandro Nunes Vieira, da 1.ª Vara Federal de Paranaguá (PR), foi afastado de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sob suspeita de envolvimento em ações destinadas a desacreditar as urnas eletrônicas em benefício do Partido Liberal (PL). A decisão foi tomada pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, em caráter sigiloso, após comunicação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a conduta do magistrado.
O nome de Sandro Vieira consta no relatório final do inquérito conduzido pela Polícia Federal que investigou ações golpistas e resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros 36 aliados. Segundo o documento, o juiz teria “atuado de forma ilegal e clandestina” ao prestar assessoria ao PL na representação eleitoral que questionava a segurança das urnas eletrônicas.
A denúncia desencadeou ainda a abertura de um processo administrativo pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) para apurar a conduta do magistrado. Em nota, a Corte informou que seguirá todas as determinações do CNJ.
O caso está relacionado a ações do PL após o segundo turno das eleições de 2022, quando o partido apresentou questionamentos sobre a segurança das urnas e solicitou a anulação de parte dos votos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a solicitação, classificando-a como ato de “má-fé”, e multou o partido em R$ 22,9 milhões.
Mensagens obtidas durante as investigações revelaram que Sandro Vieira foi citado em conversas entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro. Os diálogos indicam que o magistrado pediu para não ser associado à campanha do PL contra as urnas. Além disso, foi encontrado um arquivo intitulado “nota juiz sandro vieira nunes”, reforçando sua ligação com o caso.
O juiz havia atuado como auxiliar no Tribunal Superior Eleitoral entre 2019 e agosto de 2022, antes do início das suspeitas que culminaram no atual processo.