Após quase três anos de espera, incluindo um período de litígio legal, a jornalista e fotógrafa Céu Ramos Albuquerque conquistou o direito de retificar o nome e o sexo em sua certidão de nascimento. Ela é a primeira pessoa intersexo conhecida no Brasil a realizar essa alteração no registro civil, conforme relatado pela Associação Brasileira Intersexo (Abrai).
A recifense foi buscar o documento, na quinta-feira (7), no Cartório de Registro Civil de Olinda, onde reside atualmente e foi registrada ao nascer.
“Estou muito feliz, é algo que eu queria há muito tempo: a mudança do nome para Céu, que utilizo há mais de dez anos. Ser oficialmente reconhecida como Céu está sendo a coisa mais incrível da minha vida. E também ter essa mudança para ‘intersexo’ e ser esse marco histórico”, declarou a jornalista.
A decisão que autorizou a mudança foi publicada pela 2ª Vara de Família e Registro Civil da Comarca da cidade no dia 8 de fevereiro, quase três anos após o início do processo judicial.
Para a ativista, que divulga avanços da causa em suas redes sociais, a próxima conquista da comunidade é garantir que os bebês nascidos com genitálias que não se encaixam nas definições típicas de masculino e feminino sejam registrados como intersexos. Atualmente, esses recém-nascidos são classificados como se tivessem o sexo “ignorado”.
“Quando nasci, passei seis meses sem registro, simplesmente porque os médicos estavam aguardando o resultado de um exame cariótipo para determinar em qual gênero me encaixar. Isso foi muito violento porque passei seis meses sem assistência médica, passei por diversas coisas porque, para o governo brasileiro, era uma pessoa inexistente”, relatou Céu.