Os representantes legais do Grupo Carrefour e de Jeremias Capistrano, vítima de agressão juntamente com sua companheira no mercado Big Bompreço, que faz parte do Grupo, não chegaram a um acordo quanto ao pagamento de indenização à vítima. Segundo Walisson Pereira, advogado de Jeremias, inicialmente o Carrefour havia concordado em pagar 8 meses de aluguel no valor de R$ 900 e fornecer cestas básicas ao casal duas vezes por mês. No entanto, nesta semana, as duas partes discutiram uma proposta de indenização que foi recusada pelo Carrefour.
“Eu já havia feito uma proposta de indenização por meio de negociação extrajudicial e eles ficaram de avaliar. Ontem, eles informaram que recusavam minha proposta de acordo e que não ofereceriam nenhuma alternativa em troca, mesmo que o valor deles fosse muito baixo”, relatou Walisson.
De acordo com ele, os representantes legais do Carrefour justificaram que não havia necessidade de pagar indenização ao casal, uma vez que a empresa já estava fornecendo cestas básicas e arcando com o aluguel. Portanto, diante da falta de acordo entre as partes, o Carrefour decidiu voltar atrás em sua decisão de custear a moradia de Jeremias e Jamile.
“Eles disseram que só iriam fornecer cestas básicas e que, se quiséssemos a indenização, deveríamos buscar a justiça. Disseram que já fizeram tudo o que podiam e que não poderiam ser responsabilizados porque foram eles que fizeram o registro policial. Jeremias e sua família estão muito tristes, pois já estavam prontos para se mudarem”, detalhou o advogado de Jeremias.
O caso será levado à justiça na tentativa de obter a indenização. “É inadmissível que o Carrefour envie funcionários da empresa para assediar os familiares, oferecendo cestas básicas de alimentos para que desistam da indenização a que têm direito. Vamos recorrer ao judiciário, pois isso é inaceitável”, assegurou Walisson.
Procurado para comentar as declarações do advogado de Jeremias, o Carrefour emitiu um comunicado informando que está em contato com as vítimas por meio de seus representantes legais e reiterou que ofereceu apoio psicológico e assistência emergencial para cobrir alimentação e outras despesas essenciais para ambos.
A empresa também afirmou que mantém o diálogo aberto em relação ao caso. “Ressaltamos que, assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, assumimos nossa responsabilidade de realizar todos os esforços necessários para investigar o incidente e tomar as medidas apropriadas. Denunciamos a agressão à polícia e disponibilizamos as imagens das câmeras de segurança da loja às autoridades para que o caso seja devidamente investigado”, concluiu a declaração.
Relembrando o caso, o casal foi humilhado e agredido por seguranças da unidade do Carrefour, que funciona como Big Bompreço, após supostamente furtarem quatro pacotes de leite de um supermercado. O incidente ocorreu na manhã de 5 de maio, próximo ao Shopping Salvador Norte, no bairro de São Cristóvão, em Salvador.
Jeremias e Jamile foram cercados e agredidos por sete seguranças. Além de serem xingados e agredidos, o casal foi ainda mais maltratado após ser levado para dentro da loja. “Eles bateram nas minhas pernas com uma barra de ferro, mandaram eu ficar agachado e abrir as pernas, só para chutarem minhas partes íntimas”, lembrou Jeremias.
As agressões foram filmadas pelos próprios seguranças, que compartilharam os vídeos nas redes sociais. No vídeo, uma pessoa agride a mulher no rosto enquanto ela segura uma mochila com os pacotes de leite. Além disso, o homem é rendido no chão e também recebe tapas no rosto.
Nas imagens divulgadas, um dos seguranças pergunta à mulher: “Por que você está aqui?”, e ela responde que estava “precisando de coisas para a filha” e mostra a mochila. Em seguida, um dos homens dá um tapa em seu rosto. Ela tenta se proteger e o homem pede para que ela tire a mão do rosto. Depois, a outra vítima, identificada como Jeremias, aparece sentada no chão e também é interrogada, sofrendo agressões no rosto.
