Nos últimos 11 anos, o Brasil viu um total de quase 19 mil trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, revelando um cenário preocupante de exploração laboral. Segundo dados obtidos pelo R7 e confirmados pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego, somente em 2023, esse número atingiu 3.190 resgates, marcando um recorde histórico em termos de fiscalizações e pagamentos de verbas rescisórias.
A atuação das autoridades no combate ao trabalho escravo contemporâneo resultou no pagamento de mais de R$ 12,8 milhões em verbas salariais e rescisórias aos trabalhadores resgatados no último ano, conforme dados da SIT.
Comparativamente, em 2022, foram resgatados 2.587 trabalhadores, marcando um recorde histórico anterior, com pagamento de mais de R$ 10,4 milhões em indenizações trabalhistas.
As operações de fiscalização são conduzidas em colaboração com diversas instituições, como o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Federal e a Defensoria Pública da União.
Coordenadas pela Inspeção do Trabalho, essas ações também contam com equipes ligadas às Superintendências Regionais do Trabalho nos estados, com o apoio das polícias Civil, Militar e Ambiental.
A coordenadora nacional do Grupo de Trabalho de Combate à Escravidão Contemporânea, Izabela Vieira Luz, revelou que mais de 90% dos resgatados eram homens, com idades entre 18 e 30 anos, e autodeclarados negros.
Muitos desses trabalhadores têm origem no Nordeste e possuem baixa escolaridade, sendo que a maioria não concluiu sequer o 5º ano do ensino fundamental.
ESTADOS E REGIÕES
Em 2023, o Sudeste liderou em ações e resgates, seguido pelo Centro-Oeste, Nordeste, Sul e Norte do país. Estados como Minas Gerais, Bahia, Goiás e Pará sempre estiveram no topo do ranking de ocorrências, especialmente devido à presença de diversas fazendas nessas regiões.
A crise social pós-pandemia contribuiu para o aumento da pobreza, levando muitos trabalhadores a aceitarem condições degradantes em troca de sustento. Apesar da abolição formal da escravidão em 1888, persistem formas de exploração que negam a liberdade e a dignidade humana.
O Código Penal Brasileiro prevê punições para essas situações, conhecidas como trabalho escravo contemporâneo, que incluem trabalho forçado, servidão por dívida, condições degradantes e jornada exaustiva. As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 do governo federal ou pelo site do Ministério Público do Trabalho.
Redação, com informações do R7