Em 25 de maio de 2022, Genivaldo Santos, um homem negro de 38 anos, morreu após uma abordagem violenta por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Umbaúba, Sergipe. Um ano depois, a família ainda luta por justiça. Apesar de presos preventivamente, o três agentes indiciados ainda não têm data para serem julgados.
Genivaldo foi abordado pelos agentes da PRF enquanto dirigia uma motocicleta. Após ser imobilizado, foi colocado pelas autoridades no porta-malas de uma viatura e submetido a tortura com gás lacrimogênico. Após ficar desacordado, foi levado para o hospital José Nailson Moura, mas não sobreviveu.
A perícia feita pela Polícia Federal durante as investigações concluiu que a vítima passou 11 minutos e 27 segundos em meio a gases tóxicos dentro da viatura estacionada. Com a detonação do gás lacrimogêneo houve a liberação de gases tóxicos como o monóxido de carbono e o ácido sulfídrico.
Os três agentes envolvidos no caso foram indiciados pela Polícia Federal por abuso de autoridade e homicídio qualificado. Eles estão detidos no Presídio Militar de Sergipe e aguardam julgamento. No entanto, mesmo após 1 ano do crime, William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento ainda não tem data para serem julgados. A Justiça Federal de Sergipe determinou que eles sejam submetidos à júri popular, o que é contestado pelas defesas.
Sofrimento da família
A viúva de Genivaldo, Maria Fabiana dos Santos, disse à CartaCapital: “Até hoje eu nem acredito que aconteceu aquela barbaridade. A dor é muito grande, cada vez que mexe, a gente volta lá [choro]… Foi uma coisa terrível”. Ela também mencionou que o racismo foi determinante na abordagem truculenta: “O fato do meu marido ser negro, não estar bem vestido, não aparentar ter condições [financeiras] contribuiu”.
Maria Fabiana disse ainda que o filho de 8 anos não sabe até hoje das circunstâncias da morte do pai. Para ele, o pai foi morto a tiros. A família enfrenta a ausência do companheiro e afirma que o menino sempre lembra dos detalhes da rotina que mantinha com o pai.
A irmã de Genivaldo, Valdenise de Jesus Santos, em entrevista o G1, disse que a família espera que os policiais sejam condenados. “O que eles fizeram tem que pagar dentro da cadeia. Eles tinham o treinamento deles, eles sabiam o que matava e não matava. O que eles fizeram ali, fizeram para tirar a vida dele”.