English EN Portuguese PT Spanish ES

Advogado é investigado após 581 ações em um dia e assinaturas de mortos

jurinews.com.br

Compartilhe

Um advogado que atuava na região Sul do país está sendo investigado por uma série de fraudes envolvendo o ajuizamento massivo de ações judiciais e o uso de procurações assinadas por pessoas mortas. De acordo com o delegado Vinícius Nahan, titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), o profissional chegou a protocolar 581 processos em um único dia e já figura entre os cinco maiores litigantes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), com aproximadamente 100 mil processos vinculados ao seu nome.

As investigações revelaram que o advogado assinou documentos em nome de falecidos, como no caso de uma procuração emitida dois meses após a morte do suposto signatário. Em outro episódio, duas procurações assinadas em 2023 pertenciam a uma pessoa que, desde 2022, estava internada em estado vegetativo. Além disso, há indícios de que ele se apropriava dos valores liberados em ações judiciais propostas em nome de terceiros. A Polícia Civil estima que o prejuízo possa chegar a R$ 50 milhões para os cofres públicos e as vítimas.

O caso envolve ainda outras 13 pessoas, sendo nove delas advogados. O grupo atuava por meio da empresa Pro Consumer e é investigado por “advocacia predatória”, que inclui captação irregular de clientes e ingresso em ações sem autorização das vítimas. Segundo a polícia, os representantes da empresa abordavam pessoas em situação de vulnerabilidade, prometendo combater cobranças abusivas em empréstimos consignados vinculados a benefícios previdenciários. Em troca de 30% dos valores supostamente recuperados, as vítimas forneciam documentação pessoal, que era usada para ajuizar processos sem seu conhecimento.

Posteriormente, os clientes eram informados de que valores já estavam disponíveis em suas contas, mas, na verdade, os depósitos eram frutos de novos empréstimos contratados sem consentimento. Acreditando que se tratava de valores judiciais, as vítimas repassavam 30% aos criminosos. A fraude só era descoberta quando os descontos apareciam nos benefícios previdenciários.

A Operação Malis Doctor, deflagrada em Porto Alegre (7/5), desmantelou um esquema estruturado em três núcleos:

Jurídico: Advogados responsáveis pelo ajuizamento dos processos.

Captação: Empresas que recrutavam clientes vulneráveis.

Financeiro: Contadores e sócios que gerenciavam os recursos desviados.

O grupo é acusado de crimes como estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documentos, fraude processual, apropriação indébita e patrocínio infiel. Atualmente, há 15 inquéritos em andamento – seis contra pessoas físicas, cinco por requisição judicial e quatro abertos por instituições financeiras.

Deixe um comentário

TV JURINEWS

Apoio

Newsletters JuriNews

As principais notícias e o melhor do nosso conteúdo, direto no seu email.