O advogado Celso Vilardi, atualmente responsável pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), possui um histórico de manifestações críticas ao governo do cliente. Vilardi, que já elogiou investigações da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022, assinou documentos que repudiavam ações de Bolsonaro e o responsabilizavam por ataques às instituições democráticas.
Em 2020, Vilardi foi um dos signatários do manifesto “Basta!”, que reunia quase 700 advogados e juristas em crítica à condução do governo Bolsonaro. O texto apontava que o então presidente “atentava contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito e contra a saúde dos brasileiros”, além de acusá-lo de usar o cargo para enfraquecer a democracia e descumprir leis.
Dois anos depois, em agosto de 2022, Vilardi também endossou a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”. O documento, lido em um ato na Faculdade de Direito da USP, alertava para um “momento de imenso perigo para a normalidade democrática” e conclamava a sociedade a se unir contra retrocessos autoritários.
Apesar dessas críticas no passado, Vilardi adotou uma postura distinta ao assumir a defesa de Bolsonaro. Atualmente, ele sustenta que o ex-presidente não participou de articulações golpistas e argumenta que as investigações da PF contêm vieses.
Entrevistas dadas por Vilardi antes de ser contratado, no entanto, reforçam o contraste em sua posição atual. Em novembro de 2022, ele afirmou à revista Veja que havia “indícios consistentes contra as pessoas indiciadas, inclusive contra o presidente da República”. Além disso, declarou que considerava claras as evidências de uma organização criminosa por trás dos atos de 8 de janeiro.
Mesmo elogiando o trabalho da PF na época, Vilardi ponderava que “a condenação exige certeza”. Ele também fazia críticas pontuais ao Supremo Tribunal Federal (STF), reconhecendo sua importância na preservação da democracia, mas questionando a duração de medidas excepcionais, como o inquérito das fake news.
Desde que assumiu a defesa de Bolsonaro, Vilardi afirma estar convicto de que o ex-presidente não cometeu crimes e declara que a análise do inquérito revelou um trabalho enviesado. As contradições entre suas declarações anteriores e sua atuação atual têm gerado questionamentos, especialmente entre apoiadores do ex-presidente.