Advogados brasileiros têm contratado desenvolvedores para criarem versões de seus escritórios no metaverso, ambiente virtual que simula a realidade.
O objetivo é impulsionar a reputação de suas empresas frente às novas tecnologias que ganharam força no debate público e chamar a atenção de clientes, assim como garantir o uso de uma nova ferramenta de comunicação.
Esses motivos levaram Gustavo Viseu, sócio do Viseu Advogados, de São Paulo, a contratar a empresa de tecnologia Kubikz como desenvolvedora da versão do escritório no mundo virtual. O projeto começou em janeiro e, no fim de fevereiro, foi publicado.
Viseu, que se apresenta como o primeiro a ter adotado a ideia no país, diz que tentou replicar a arquitetura de um escritório de advocacia. Além disso, decidiu dar a possibilidade de contemplar, dentro da sala digital, a vista da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, onde está localizado seu espaço de trabalho.
Fazendo o download do programa selecionado pelo desenvolvedor, o cliente se cadastra e customiza um avatar próprio. Depois, consegue acessar os espaços para interagir com seu advogado.
Isso pode ser feito em 2D ou utilizando óculos de realidade virtual, que expandem a experiência para o 3D.
Até agora, Viseu diz ter feito reuniões de consultoria com três clientes utilizando a ferramenta, além de conversas com a equipe, parceiros e outros dez interessados.
A plataforma escolhida foi a AltspaceVR, da Microsoft, onde é possível criar ambientes gratuitos e privativos —diferentemente de outros programas, nos quais os usuários convivem no mesmo espaço.
A movimentação para explorar essa nova tecnologia ainda não é tão forte no Brasil, se comparada a outros países, segundo Alexandre Góes, diretor-chefe em tecnologia da desenvolvedora Kubikz. Quem aproveitar agora tem chance de crescer muito, diz.
Nos Estados Unidos, existem investimentos mais maciços de companhias para se adequar ao universo da realidade virtual, como aquisição de terrenos em plataformas de metaverso, por exemplo.
No final de 2021, o Grungo Colarulo, escritório de Nova Jersey, se apresentou como o primeiro no mundo a aderir à tecnologia. Na ocasião, a banca disse que a iniciativa pretende facilitar o acesso dos clientes a informações.
“É uma corrida. As empresas estão querendo ser as primeiras a entrarem [no metaverso], não só pelo marketing, mas também por ser uma área inexplorada. É como se você estivesse na internet em 1996”, afirma Góes.
Outro advogado brasileiro contratante dos serviços da Kubikz, Pedro Trengrouse, do Trengrouse.Gonçalves Advogados, do Rio, acredita que o metaverso é uma evolução da internet e que, no futuro, todos estarão usando a ferramenta. Mesmo assim, os encontros presenciais não perderão força, segundo ele.
O ambiente que abrigará a versão digital do escritório de Trengrouse foi publicado nesta semana e ele acredita que será um atrativo para clientes.
“A gente atende muito jogador de futebol que joga videogame, muitos artistas que já olham para o metaverso como espaço para fazer suas lives.”
Com informações da Folha