O advogado paranaense Adolfo Luis Gois se valeu de um processo que tramita na Justiça de São Paulo para dirigir uma série de ofensas à juíza Andréa Galhardo Palma, da 2ª Vara Empresarial paulista.
Em petições, ele afirma que a juíza atua como advogada de uma das partes e decide com base em “afetações hormonais” e “descompassos da menopausa”. Andréa já oficiou as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná e em São Paulo.
Em vez de se dedicar à defesa do caso, em uma disputa rotineira envolvendo uma distribuidora farmacêutica, muitas das peças do advogado dedicam-se a tentar ofender a juíza com insultos, alguns deles unicamente focados no fato de ela ser mulher.
“O equilíbrio emocional da exceta degringolou-se: passou a atuar como advogada do demandado, e o fez com o mesmo modus operandi do administrador e sócio d’antanho: atacando, ofendendo, intimidando, difamando e injuriando o advogado da excipiente, o que, de início acreditou-se ser efeito de afetação hormonais ou descompassos da menopausa”, diz trecho de uma petição de 19 de abril deste ano.
Em uma peça de 14 de abril o advogado sequer menciona o processo. No documento, dirigido à própria juíza, ele a acusa de fraude na nomeação de peritos e administradores judiciais e diz que Andréa “irá responder” por denunciação caluniosa.
Também diz que a juíza não é amiga da advocacia e cita um caso em que ela foi alvo de críticas da OAB porque teria ofendido um advogado.
A juíza oficiou a OAB “em razão do excesso de petições protocoladas de forma meramente protelatória, reconhecidas como atos inúteis e desnecessários ao deslinde” do caso, bem como pelo “conteúdo ofensivo” e pelas “graves ofensas perpetradas” contra a sua honra e a de “demais operadores do direito atuantes” no processo.
Conhecido no Paraná
O advogado já é conhecido no Paraná por ofensas dirigidas a juízes e colegas. A atuação de Gois levou a uma série de afastamentos voluntários de magistrados da comarca de Londrina.
Segundo advogados consultados pela ConJur, Gois suscitou a suspeição de diversos juízes, o que levou ao afastamento de 17 magistrados em um único processo.
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) teve que nomear um juiz de outra comarca. Os insultos acabaram sobrando para o novo designado, que foi chamado de “gringo”, “frouxo”, “estúpido forasteiro”, entre outros impropérios.
As ofensas levaram a Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) a divulgar, em maio de 2021, uma nota de repúdio contra o advogado.
“O comportamento do advogado Adolfo Luis Gois não representa a respeitada carreira da advocacia e, portanto, merece repúdio imediato do Poder Judiciário e da sociedade. Espera-se que a conduta seja devidamente apurada junto ao conselho de classe respectivo, de modo a desestimular comportamentos semelhantes que extrapolam para a prática de crime contra a honra”, diz a nota.
Com informações da Conjur