Após o lamentável episódio durante júri na Comarca de Alto Paraíso de Goiás, na última sexta (22), a advogada criminalista Marília Gabriela Gil Brambilla postou um vídeo se pronunciando nas redes sociais. Na ocasião, o promotor do Ministério Público de Goiás, Douglas Chegury, disse que a advogada era ‘feia’ e ‘desprovida de beleza’ e que não gostaria de beijá-la.
Na declaração publicada nas redes sociais, a advogada contou que estava em frente à Unidade Prisional Regional de Alto Paraíso para conversar com o cliente, que defendia durante a sessão em que tudo aconteceu, e aproveitou para manifestar-se sobre o assunto.
“Fiquei preocupada porque aconteceram coisas surreais ontem. Durante o plenário de um tribunal do júri eu fui ofendida de uma forma que eu fiquei até surpreendida com todas as ofensas.” Marília disse, ainda, que durante os mais de 20 anos em que atua na profissão, jamais passou por uma situação parecida.
A advogada aproveitou a oportunidade para acalmar as advogadas recém-formadas que ficaram assustadas com a situação. “Eu agradeço todo mundo que prestou solidariedade e, para as novas advogadas: isso não é comum de acontecer. Eu tenho 22 anos de carreira e isso nunca havia acontecido. Está tudo certo, o cliente se solidarizou comigo.” A profissional finalizou o pronunciamento afirmando que a advocacia não é trabalho para covardes.
Marília afirmou que, diante das ofensas, se sentiu muito mais surpreendida do que ofendida, uma vez que jamais imaginou passar por uma situação tão constrangedora durante o exercício de trabalho.
A advogada falou, ainda, sobre a importância da mobilização que os colegas de profissão têm feito para que ela se sinta abraçada. “Essa mobilização vem para trazer o recado de que nós mulheres seremos, sim, protegidas e de que não devemos, nunca mais, ser aviltadas em nosso local de trabalho.”
A advogada desabafou que mulheres que atuam no exercício da advocacia estão submetidas a esse tipo de situação em qualquer lugar e, por isso, é importante que todas saibam suas prerrogativas, sejam estudiosas e estejam sempre preparadas porque, de acordo com ela, “nada vence a mulher que está sempre preparada”.
“Eu acredito nas instituições brasileiras e acredito que ele deve ser submetido ao devido processo legal e quem decidirá a melhor punição será a entidade de classe dele”, disse Marília sobre quais medidas legais acredita que o promotor deva sofrer.
Marília é advogada criminal, professora de leis penais especiais, especialista em crimes sexuais e conselheira nacional da Abracrim Mulher, organização destinada a unir advogadas criminalistas do país.
Com informações do Correio Brasiliense