O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, está sendo ouvido no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira para prestar esclarecimentos sobre os áudios em que ele aparece criticando a Polícia Federal e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O depoimento está sendo prestado ao desembargador Airton Vieira, que trabalha no gabinete de Moraes. A audiência foi marcada às 13h e já começou — Cid deixou a casa onde mora no início da tarde desta sexta. Um representante da PF e da Procuradoria-Geral da República também participarão da oitiva.
Após a divulgação das gravações, feita pela revista “Veja”, a PF analisa anular o acordo de delação premiada de Cid. A decisão será tomada após os investigadores ouvirem as explicações do militar. Se a colaboração for interrompida, ele pode perder os benefícios homologados por Moraes e voltar à prisão. Investigado nos inquéritos da trama golpista, falsificação de carteira de vacinação e desvio de joias do acervo presidencial, ele passou quatro meses preso preventivamente em 2023 antes de decidir pela colaboração.
Nos áudios, Mauro Cid diz que foi pressionado a falar sobre fatos que não teriam acontecido ou dos quais ele não teria conhecimento. Segundo Cid, a PF estava com “a narrativa pronta e não queria saber a verdade”.
Em relação a Moraes, Cid afirma que o magistrado “é a lei”. — Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação — disse ele.
Em nota, a defesa de Cid explicou que as gravações “parecem ser clandestinas” e que as falas foram feitas em um contexto de “desabafo”, no qual “relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional” que o tenente-coronel está vivendo.
Os advogados também afirmaram que Cid não “coloca em xeque em nenhum momento a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador”. O texto foi assinado pelos defensores Cezar Bitencourt, Jair Alves Pereira e Vânia Bitencourt.