Executada a tiros na noite desta quinta-feira (17), a líder quilombola Bernadete Pacífico chegou a denunciar as violências e ameaças contra o povo tradicional, em encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber, em julho deste ano.
Bernadete liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares e lutava por justiça pela morte do filho Flávio Gabriel dos Santos, assassinado em 2017.
Segundo informações do Ministério da Igualdade Racial, o terreiro de Mãe Bernadete, localizado em Simões Filho (BA), foi invadido por dois criminosos com capacetes. Antes de executar a líder, os homens fizeram os familiares reféns.
Em nota, a ministra Rosa Weber lamentou a morte de Bernadete. “Mãe Bernardete, que me falou pessoalmente sobre a violência a que os quilombolas estão expostos e revelou a dor de perder seu filho com 14 tiros dentro da comunidade, foi morta em circunstâncias ainda inexplicadas”, afirmou a presidente do STF.
Rosa Weber cobra providências das autoridades locais e o devido processo de reparação ao povo tradicional. “É absolutamente estarrecedor que os quilombolas, cujos antepassados lutaram com todas as forças e perderam as vidas para fugir da escravidão, ainda hoje vivam em situação de extrema vulnerabilidade em suas terras. Assim como é direito de todos os brasileiros, os quilombolas precisam viver em paz e ter seus direitos individuais respeitados”, diz a nota.
Além de líder de quilombo, Bernadete era ialorixá e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), além de ter ocupado o cargo de secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho, em 2009.
A Conaq destacou, em nota, que a morte de Bernadete é uma “perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos”.
Com informações do Correio Braziliense