O SBT foi condenado a pagar R$ 50 mil a um motoboy que foi alvo de uma reportagem errada da emissora.
No dia 31 de março, o SBT noticiou que a polícia havia identificado “mais um ladrão” em uma investigação sobre um roubo milionário que ocorrera na casa de um advogado de São Paulo. Na ocasião, os ladrões haviam levado mais de R$ 1,2 milhão em joias e equipamentos eletrônicos.
A emissora divulgou, então, a imagem de um motoboy, que havia feito uma entrega na rua do crime, como se ele fosse integrante da quadrilha.
“Ele se fingiu de entregador, só monitorando”, afirmou o apresentador Dudu Camargo na reportagem, de acordo com vídeo anexado ao processo.
O rapaz, no entanto, era inocente. Não estava nem mesmo entre os investigados, como destacou o juiz Christopher Roisin na sentença.
O advogado Silvano Sabino da Silva, que representa o motoboy, disse à Justiça que, desde a divulgação da reportagem, o rapaz encontra-se em desequilíbrio emocional, em “completo pavor”.
“Está sendo taxado de bandido, houve um completo desrespeito e falta de seriedade na reportagem”, afirmou.
O SBT se defendeu no processo afirmando que as informações divulgadas foram repassadas pela polícia.
“A reportagem limitou-se a transmitir a informação, não havendo qualquer excesso no teor da veiculação da reportagem”, afirmou à Justiça, ressaltando que não divulgou o nome do motoboy e que a imagem exibida, por não possuir qualidade, não permite a sua identificação.
O SBT disse ainda que o motoboy não provou ter sofrido prejuízos, constrangimentos ou humilhações em decorrência da reportagem. “É uma aventura jurídica”, declarou no processo.
Ao condenar a emissora, o juiz Roisin afirmou na decisão que a imprensa frequentemente comete abusos, “noticiando mentiras para aumentar a audiência, já que a desgraça alheia aviva a curiosidade mórbida do povo”.
O juiz disse que, fazendo afirmação falsa, o SBT atingiu a honra do autor [do processo], abusando do direito de informar.
A emissora disse à coluna que vai recorrer.
