De acordo com uma pesquisa realizada pela Serasa Experian, houve um aumento considerável no volume de pedidos de recuperação judicial em 2023, atingindo o ponto mais alto em um período de cinco anos.
A recuperação judicial é um mecanismo utilizado pelas empresas em crise para negociar reduções no valor das dívidas e obter prazos de pagamento mais extensos, com o objetivo de se reorganizarem e manterem sua saúde financeira.
No entanto, o processo pode ser demorado e resultar no encolhimento da empresa. Para que seja bem sucedido, o plano de recuperação precisa ser aprovado pela maioria dos credores e homologado pelo sistema judiciário.
Entre janeiro e abril deste ano, foram protocolados 382 requerimentos na Justiça, representando um crescimento significativo em relação aos 275 pedidos registrados no mesmo período de 2022. Esses números ficaram abaixo apenas dos dados registrados em 2018, quando 518 pedidos de recuperação foram contabilizados.
Um dos campos que mais sofreram com essa alta nos pedidos de recuperação judicial foi o comércio varejista, devido aos custos elevados, tais como aluguel de estabelecimentos, e ao impacto do custo do crédito e do poder de compra da população. Segundo a Serasa, a maior parte das solicitações concentrou-se no setor de serviços, seguido pelo comércio, indústria e setor primário.
Várias razões colaboraram para o crescimento das requisições de recuperação judicial, incluindo as taxas de juros elevadas, que encarecem as dívidas e ocultam a margem de lucro das empresas, bem como o efeito dominó resultante do processo de recuperação das grandes empresas, que impactam os menores.
Esse cenário também dificulta o acesso ao crédito para as empresas de menor porte, já que os bancos tendem a adotar uma postura mais cautelosa em tempos de incerteza econômica.
Além do crescimento nos pedidos de recuperação judicial, também foi observado um aumento no número de falências. Nos primeiros quatro meses de 2023, foram registrados 346 pedidos de falência e 222 declarações de falência. Em comparação, no mesmo período de 2022, foram registrados 258 pedidos de falência e 214 declarações.
Mesmo que a recuperação judicial tenha se tornado mais comum e menos estigmatizada, ainda pode afetar a reputação das empresas. O constrangimento e o receio de revelar sua situação crítica ao mercado continuam sendo obstáculos para os empresários.
Porém, a recuperação judicial pode representar uma oportunidade de recuperação, possibilitando investimentos em seu estabelecimento, como em sua infraestrutura, etc.
De modo geral, espera-se que o número de pedidos de recuperação judicial continue a aumentar ao longo deste ano, devido ao cenário complicado econômico, com altas taxas de juros e preços elevados das matérias-primas. Ainda assim, acredita-se que a situação pode se estabilizar nos próximos meses, à medida que a economia se recupere gradualmente.