O imbróglio jurídico em que se transformou o controle da Eldorado Brasil Celulose não impediu o crescimento da empresa nos últimos anos. É o que garante a sócia controladora J&F, ao contrário do que vem sendo divulgado pela Paper Excellence, sócia minoritária, no processo que é considerado uma das maiores disputas da história do judiciário brasileiro.
Mesmo após cinco anos de litígio entre sua sócia minoritária e sua sócia controladora, a Eldorado Brasil Celulose segue crescendo e registrando resultados recordes. De acordo com a J&F, os números não são maiores porque a Paper Excellence, minoritária que briga na Justiça por 100% da Eldorado, bloqueou o projeto de construção da segunda linha de produção da gigante de celulose.
Embora hoje alegue que foi a J&F quem causou esse prejuízo, o presidente da Paper Excellence, Claudio Cotrim, já confirmou em declarações públicas à imprensa que foi o seu lado quem impediu a construção da segunda linha de produção.
Em reportagem de 13 de agosto de 2019, cerca de um ano depois de o litígio começar, o jornal Estado de S. Paulo publicou as declarações do executivo. “Ao Estado, o presidente da Paper Excellence, Claudio Cotrim, disse que a empresa não vai tocar esse projeto enquanto não tiver 100% das ações da companhia.” “A expansão não vai sair até a gente assumir”, afirmou Cotrim ao jornal.
Em 2019 e em 2020, a Paper Excellence também atuou para impedir por duas vezes que a Eldorado emitisse bonds (títulos de dívida no exterior), o que reduziria as despesas financeiras com o pagamento de juros, resultaria em elevação dos ratings da companhia e abriria espaço no balanço da Eldorado para ainda mais investimentos.
Nas duas oportunidades, a Paper Excellence impetrou ações em diversos países do mundo, ameaçando processar todos os bancos que se envolvessem na emissão da Eldorado. Com isso, a empresa de celulose acabou sem espaço para trocar dívidas caras por dívidas mais baratas.
RESULTADOS RECORDES
A Paper Excellence é dona de 49,41% da produtora de celulose com fábrica em Três Lagoas (MS) e tenta na Justiça obter 100% da empresa. Por isso, o negócio de R$ 15 bilhões se transformou em um dos maiores litígios empresariais em curso no país.
Apesar da dificuldade imposta pela Paper Excellence para o andamento normal de seus negócios, a Eldorado Brasil atingiu seus melhores resultados da história durante o período do litígio. Em 2022, quando completou 10 anos de operações, a Eldorado atingiu recordes históricos em receita líquida, EBITDA, lucro líquido, fluxo de caixa livre e produção, e o endividamento chegou a seu menor nível.
Esses resultados são reflexos de esforços em melhorias e investimentos constantes na empresa. Só em 2022, a companhia investiu mais de R$ 1 bilhão. Parte desses investimentos foram para a construção de um novo Terminal Portuário, um dos mais modernos e tecnológicos do mundo e um dos maiores do setor de celulose, no Porto de Santos (SP). A nova instalação triplicará a capacidade de escoamento de celulose, chegando a 3 milhões de toneladas por ano.
Mesmo com o processo de litígio em andamento, sob gestão da J&F, a Eldorado também conseguiu seguir com a construção da Usina Termelétrica Onça Pintada, que utiliza a biomassa de tocos e raízes de eucalipto oriundos das florestas da empresa para produzir energia verde e renovável. Com isso, a fabricante de celulose brasileira é a única empresa de celulose do país a consumir 100% do eucalipto da cadeia produtiva.
Enquanto o entrave judicial não se resolve e a segunda linha não sai do papel, os fatos mostram que a Eldorado continua contornando os impasses colocados pela sócia minoritária e seguindo com o processo de expansão e melhoria dos negócios.
